Os apoiadores ocidentais da Ucrânia estão diminuindo a pressão sobre Kiev para uma vitória militar contra a Rússia e focam em garantir uma posição vantajosa para o país nas negociações de um cessar-fogo, informou a Bloomberg na quarta-feira (4), com base em fontes familiarizadas com o tema.
Em reunião realizada em Bruxelas nesta semana, os ministros das Relações Exteriores da OTAN discutiram maneiras de fornecer mais armas à Ucrânia, conforme fontes anônimas ouvidas pela Bloomberg. No entanto, qualquer plano permanece privado e incompleto.
Segundo as informações, os aliados ocidentais começaram a analisar diferentes formas de encerrar o conflito, incluindo a discussão de garantias de segurança que protegeriam a Ucrânia sem provocar uma reação da Rússia a essa proposta.
"Essas discussões acontecem no contexto do reconhecimento de que a situação na Ucrânia se tornou insustentável e que as negociações devem começar em breve", afirmou um diplomata ocidental à Bloomberg.
Ainda segundo a agência, os aliados da OTAN estão se preparando "à medida que o moral começa a diminuir", com a proximidade da posse do presidente eleito dos EUA, Donald Trump, em menos de dois meses.
Embora o plano de Trump para a Ucrânia não esteja claro, ele foi eleito com a promessa de reduzir os gastos norte-americanos com o conflito e focar em questões internas dos EUA.
Ideias na OTAN
Uma das ideias apresentadas foi a criação de uma zona desmilitarizada, com tropas europeias responsáveis por sua segurança, segundo um diplomata sênior da OTAN.
Além disso, mesmo que os EUA mantenham o envio de ajuda militar à Ucrânia, como indicam os planos após a eleição de Trump, as crescentes perdas forçarão Kiev a entrar em negociações até o próximo ano, afirmou Samuel Charap, cientista político sênior do think tank Rand, à Bloomberg.
"Faltam recursos humanos à Ucrânia para deter a ofensiva russa, e o Ocidente tem pouco a oferecer em termos de estoques de armas existentes", disse Charap.
- Na segunda-feira (2), o líder do regime ucraniano, Vladimir Zelensky, afirmou à Kyodo News que Kiev poderia concordar com um cessar-fogo com Moscou abrindo mão de territórios perdidos desde 2014, caso a adesão à OTAN fosse garantida.
- A aspiração da Ucrânia de ingressar no bloco militar liderado pelos EUA é vista por Vladimir Putin, presidente da Rússia, como um dos principais motivos do conflito. As condições defendidas por Putin incluem a adoção de um status neutro pela Ucrânia, a não adesão à OTAN, a manutenção de um território livre de armas nucleares, a desmilitarização e a desnazificação do país.