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Alemanha vê cúpula do Mercosul como 'última chance' para acordo com União Europeia

A cúpula do Mercosul, marcada para os dias 5 e 6 de dezembro, pode definir o futuro do acordo de livre comércio entre o bloco e a União Europeia, com a Alemanha pressionando pela conclusão, e França e Irlanda querendo travar o acordo.
Alemanha vê cúpula do Mercosul como 'última chance' para acordo com União EuropeiaAP / Andy Wong

A ministra das Relações Exteriores da Alemanha, Annalena Baerbock, acredita que a 65ª cúpula do Mercado Comum do Sul (Mercosul), que será realizada nos dias 5 e 6 de dezembro em Montevidéu, no Uruguai, pode ser a "última chance" para a União Europeia firmar um acordo comercial com o bloco, afirmou ela a repórteres em Bruxelas, na Bélgica, na terça-feira.

"Acho que é essencial que a Comissão Europeia finalize politicamente o acordo de livre comércio com o Mercosul", disse ela. "Do ponto de vista alemão, a cúpula do Mercosul de sexta-feira em Montevidéu é provavelmente a última oportunidade para isso", completou.

Baerbock também afirmou que é chegada a hora de levar a parceria com os países do Mercosul "para o próximo nível", ressaltando que a conclusão do acordo traria "uma situação de ganho para ambos os lados".

Impasse duradouro

O acordo Mercosul-UE está sendo negociado há mais de 20 anos e foi assinado em 2019 durante o governo Bolsonaro. No entanto, a ratificação foi interrompida pela pandemia de Covid-19 e pelas críticas da União Europeia sobre o não cumprimento das metas ambientais pelos países do Mercosul.

Os maiores opositores ao acordo de livre comércio são Irlanda e França, que ainda mantêm uma postura firme contra o pacto com o Mercosul. Um dos principais obstáculos para os governos europeus é o receio dos agricultores em relação à abertura do mercado interno da UE para produtos latino-americanos.

Esforços do Brasil

Ao longo das negociações, o Brasil tem liderado os esforços pela assinatura do acordo. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva, agora no terceiro mandato, tem se empenhado para resolver o impasse e conseguir a ratificação do acordo entre o Mercosul e a União Europeia.

Apesar dos esforços de Lula, o tema continua dificultado pelas mesmas objeções, principalmente da França. As críticas europeias sobre as metas ambientais e as tentativas de vincular o acordo comercial a questões ecológicas no Brasil e na América Latina contribuíram para o impasse, o que gerou críticas do presidente brasileiro.

"A versão era inaceitável, nos tratava como se fôssemos países colonizados", afirmou Lula, referindo-se a alguns termos do acordo ainda não assinado.

"Franceses não apitam mais nada"

Em meio à incerteza sobre o acordo e aos atritos entre a empresa francesa Carrefour e o agronegócio brasileiro, Lula insistiu que a decisão final deve ser tomada pela Comissão Europeia, e não pelos franceses.

"E se os franceses não quiserem o acordo, eles não apitam mais nada, quem apita é a Comissão Europeia. E a Ursula von der Leyen tem procuração para fazer o acordo e eu pretendo assinar esse acordo este ano ainda", declarou o presidente em 27 de novembro.

Por sua vez, a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, afirmou que discutiu o tema com Lula em 17 de novembro, na véspera da cúpula do G20 no Rio de Janeiro, destacando que o acordo é de "grande importância econômica e estratégica".

  • Recentemente, o Brasil reiterou seu empenho em fechar o acordo ainda neste ano, atribuindo grande importância ao bloco. Um estudo do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada revelou que a assinatura do acordo poderia impulsionar o crescimento do PIB brasileiro em 0,46% e aumentar os investimentos em 1,49%.