Governo Milei quer acabar com educação e saúde pública para estrangeiros
A reforma migratória proposta pelo governo do presidente argentino Javier Milei exclúi estrangeiros não-residentes dos sistemas públicos de educação superior e saúde.
''O PEN (Poder Executivo Nacional) enviará um projeto ao Congresso para que os estrangeiros paguem pela educação em universidades nacionais e também pela atenção no sistema de saúde. Além disso, se cometerem crimes serão expulsos do país'', escreveu Bartolomé Abdala, senador pelo partido governista e presidente provisório da Câmara Alta.
A medida é motivada pelo alto número de estrangeiros nas universidades argentinas, atraídos pelo ensino gratuito e pela facilidade de ingresso.
''Isso será uma fonte de renda para as instituições de ensino superior, o que lhes permitirá se financiar. Hoje, um em cada três estudantes que escolhem o curso de medicina é de origem estrangeira'', afirmou o porta-voz presidencial, Manuel Adorni, ao defender a reforma nesta segunda-feira.
Adorni acrescentou ainda que na província de Salta, que adotou a medida em nível regional, o atendimento a estrangeiros caiu em 95%, gerando uma economia de 60 milhões de pesos argentinos.
Impacto entre brasileiros
Dentre os estrangeiros estudando na Argentina, destaca-se um grande número de brasileiros, que buscam sobretudo o curso de medicina.
''Atualmente, cerca de 34% dos estudantes no curso no país são estrangeiros, um número próximo de 37 mil pessoas, com mais de 20 mil brasileiros'', explica o portal Terra.
''Normalmente, para um brasileiro estudar em uma universidade pública na Argentina a única exigência além dos trâmites burocráticos para se fixar no país é a comprovação de conhecimentos de espanhol, o que estimulou muitos alunos nos últimos anos'', prossegue o veículo.
Confusão
A medida foi recebida com confusão pelo público, conforme apuração do jornal La Nacional. Isso porque ''a rigor, para estudar nas universidades públicas é preciso ser residente''.
Já a cobrança pelos serviços de saúde é algo que já foi implementado por determinadas províncias, como Salta e Jujuy. Representantes de alto nível de outros territórios rechaçaram a medida, chegando a afirmar que teria como objetivo fomentar a divisão e o ódio.