Na noite desta segunda-feira, autoridades locais utilizaram gás lacrimogênio para dispersar manifestantes que tentaram cercar o parlamento da Geórgia em Tbilisi, capital do país. Trata-se do quinto dia consecutivo em que o país enfrenta violentas manifestações pró-Ocidente, motivados pela decisão de postergar negociações pela adesão à União Europeia.
O partido governista, cujos escritórios por todo o país tornaram-se alvo da violência, rejeita negociações com a oposição diante da violência, e em razão disso está enfrentando ameaças de sanções por parte de países europeus.
Neste contexto, a RT conversou com Jorge Baum, analista político argentino, que caracteriza as ações da UE como uma estratégia clássica para pressionar governos independentes.
"A lógica de intromissão do Ocidente só aceita os resultados eleitorais quando vence. Quando perde, como é o caso da Geórgia, resiste a assumir a responsabilidade. Isso já aconteceu na Ucrânia, que, durante anos, teve um governo de coalizão formado por diferentes setores e nacionalidades. Quando perceberam que esse tipo de governo era difícil de manipular a partir do exterior, promoveram um golpe de Estado no final de 2013 e no início de 2014. Querem fazer o mesmo agora [na Geórgia].
De acordo com o especialista, o Ocidente tem como objetivo expandir a influência da OTAN, União Europeia e do Departamento de Estado norte-americano em um país que faz fronteira com a Rússia. "Querem ameaçar a Rússia com um novo Euromaidan, como aconteceu na Ucrânia", afirmou.
- Na quinta-feira, o primeiro-ministro da Geórgia, Irakli Kobakhidze, anunciou que o país não abrirá negociações para aderir à União Europeia até 2028.
- Kobajidze acusou Bruxelas de usar as negociações de adesão como uma forma de "chantagem" política.
- A presidente georgiana, Salome Zurabishvili, de orientação pró-Ocidente, se recusa a reconhecer os resultados das eleições e a legitimidade do novo Parlamento, e planeja permanecer no cargo após o término de seu mandato em dezembro.
- Em setembro, o Serviço de Inteligência Estrangeira da Rússia alertou sobre possíveis tentativas dos EUA de fomentar protestos na Geórgia para desestabilizar o governo.