
Irã notifica AIEA sobre novas centrífugas para enriquecimento de urânio

O Irã notificou a Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) que planeja instalar novas centrífugas para enriquecer urânio, em resposta a uma resolução do conselho de governadores da entidade ligada à ONU, que acusou Teerã de falta de cooperação.
A informação foi divulgada pela Reuters, com base em um relatório confidencial do órgão publicado na quinta-feira (28).
O documento revela que o Irã pretende instalar mais de 6 mil centrífugas em suas instalações nucleares, além de pôr em funcionamento algumas já instaladas.
Entre os planos, está a criação de 32 cascatas (conjuntos) com mais de 160 centrífugas cada, além de uma cascata inédita com 1.152 centrífugas IR-6, modelos considerados avançados.

Atualmente, o Irã opera mais de 10 mil centrífugas em instalações subterrâneas nas cidades de Natanz e Fordow, além de uma unidade em superfície em Natanz.
O número de cascatas planejadas supera as que já estão em funcionamento, destacou a Reuters.
Apesar da expansão, o Irã garantiu que o nível de enriquecimento de urânio continuará limitado a 60%, conforme estipulado no programa de desenvolvimento nuclear do país.
O governo também informou à AIEA a intenção de enriquecer urânio a 5%, o que poderia ser interpretado como um gesto conciliatório para buscar pontos de entendimento com países europeus, avaliou a Reuters.
Resolução "injustificada" da AIEA
Na semana passada, o conselho de governadores da AIEA aprovou uma resolução que critica o Irã por sua falta de colaboração no âmbito nuclear.
O texto, apresentado por Reino Unido, França, Alemanha e Estados Unidos, recebeu o apoio de 19 dos 35 países-membros.
Rússia, China e Burkina Faso votaram contra, enquanto 12 países se abstiveram.
Em resposta, Teerã anunciou no dia seguinte que instalará novas centrífugas, classificando a resolução como "injustificada". O Ministério das Relações Exteriores iraniano afirmou que a política do país está pautada em uma interação construtiva com a AIEA, respeitando os direitos e obrigações do Tratado de Não Proliferação Nuclear.
O governo iraniano também acusou os EUA, França, Alemanha e Reino Unido de agirem de má-fé e descumprirem compromissos internacionais, como o Plano de Ação Conjunto Global, acordo nuclear do qual Washington se retirou unilateralmente em 2018, durante o governo de Donald Trump.