Macron reconhece pela primeira vez massacre de tropas africanas pelos franceses em 1944
O presidente da França, Emmanuel Macron, reconheceu pela primeira vez na quinta-feira que o assassinato de soldados da África Ocidental pelo Exército francês em 1944 foi um "massacre".
Em uma carta às autoridades senegalesas, no 80º aniversário do massacre de Thiaroye – uma vila de pescadores nos arredores de Dakar, capital do Senegal – o presidente afirmou que a França "deve reconhecer" que naquele dia "desencadeou-se uma cadeia de eventos que levou a um massacre".
Entre 35 e 400 soldados da África Ocidental, membros da unidade Tirailleurs Senegalais, um corpo de infantaria colonial do Exército francês foram mortos em 1º de dezembro de 1944 por soldados franceses, em um incidente que Paris descreveu como um motim causado por salários não pagos, informou a AP nesta sexta-feira.
"É importante estabelecer, na medida do possível, as causas e os fatos que levaram a essa tragédia", acrescentou Macron na carta. "Pedi aos meus serviços que me informem sobre o andamento dos trabalhos do Comitê para a Restauração dos Fatos, que o governo decidiu criar, sob a direção do professor Mamadou Diouf, cuja eminência e qualidades são reconhecidas por todos", destacou.
A carta chega em um momento em que a influência da França tem diminuído na região, especialmente em suas antigas colônias.
- Na quinta-feira (28), o Chade anunciou sua decisão de romper o acordo de cooperação em defesa com a França para "reafirmar sua plena soberania" e redefinir suas parcerias estratégicas "de acordo com as prioridades nacionais".