
Magnata vietnamita é obrigada a devolver US$ 11 bilhões para evitar pena de morte

Uma magnata do setor imobiliário do Vietnã, condenada à morte por desvio de dinheiro em larga escala, pode evitar a execução por injeção letal caso pague US$ 11 bilhões (cerca de R$ 66 bilhões). Este é o maior caso de fraude da história do país.
Em abril, um tribunal da cidade de Ho Chi Minh considerou Truong My Lan, de 68 anos, culpada de desviar US$ 12,3 bilhões (aproximadamente R$ 74 bilhões) do banco Saigon Commercial Bank enquanto presidia o grupo imobiliário Van Thinh Phat, além de subornar funcionários públicos e violar regras de empréstimos bancários.

Em um julgamento separado, em outubro, Lan foi condenada à prisão perpétua por evasão de divisas de aproximadamente US$ 4,5 bilhões (cerca de R$ 27 bilhões), entre outras acusações.
Na terça-feira, durante a audiência de apelação, promotores apresentaram um ultimato, esperando que a empresária consiga reembolsar parte dos US$ 16,4 bilhões (aproximadamente R$ 98 bilhões) que resultaram em sua condenação.
"Agora estamos tentando ajudá-la a evitar a pena de morte", afirmou o advogado de Lan, Giang Hong Thanh, segundo a Bloomberg.
"Há um grupo de investidores estrangeiros que concordaram em emprestar US$ 400 milhões (cerca de R$ 2 bilhões) a Lan e estão trabalhando nos documentos necessários para enviar o dinheiro", acrescentou.
O advogado acredita que sua cliente conseguirá pagar a fiança para evitar a pena capital. De acordo com a legislação vietnamita, o júri pode considerar uma sentença reduzida caso Lan consiga devolver três quartos dos bens desviados.
O veredicto final sobre a apelação deve ser anunciado no dia 3 de dezembro. "Esperamos realmente que o tribunal lhe dê uma chance de viver para que ela possa pagar toda a dívida", afirmou Thanh.
Em que consistia a fraude massiva?
Truong My Lan criou uma vasta rede de aproximadamente mil filiais e empresas "fantasmas" ligadas ao grupo imobiliário Van Thinh Phat, delegando a administração a seus parentes.
Ela se tornou a principal acionista do Saigon Joint Stock Commercial Bank (SCB), onde, apesar de não ocupar nenhum cargo formal, controlava até 91,5% das ações.
Entre 2018 e 2022, Lan e seus cúmplices desviaram mais de US$ 12,6 bilhões (cerca de R$ 76 bilhões) do banco, mas o prejuízo total causado por seu esquema ultrapassa esse valor, já que, ao longo de uma década, de 2012 a 2022, a empresária também tomou mais de 2.500 empréstimos, resultando em perdas de US$ 27 bilhões (cerca de R$ 162 bilhões) para o SCB.
Para encobrir seus crimes no SCB, Lan subornou auditores do Banco Estatal do Vietnã, que acobertavam seu esquema. Ela foi presa em outubro de 2022, em um dos casos mais notórios da campanha anticorrupção vietnamita, que se intensificou neste ano.