'Tiro no pé': México adverte que a política tarifária de Trump prejudicará economia dos EUA

O secretário de Economia mexicano afirmou que os Estados Unidos perderiam pelo menos 400 mil empregos.

O secretário de Economia do México, Marcelo Ebrard, advertiu nesta quarta-feira que a economia dos Estados Unidos sofrerá sérios impactos negativos se o presidente eleito, Donald Trump, levar adiante sua ameaça de aumentar as tarifas sobre seus parceiros comerciais.

"É um tiro no pé", afirmou Ebrard, durante uma coletiva de imprensa com a presidente Claudia Sheinbaum, onde detalhou as consequências do aumento de 25% nas tarifas que Trump pretende impor ao México a partir de sua posse em 20 de janeiro.

Ebrard explicou que as medidas propostas afetariam não apenas o México, mas também os Estados Unidos, o Canadá, países europeus, Japão, Coreia do Sul e outros aliados comerciais.

Segundo ele, o aumento das tarifas colocaria em risco a relação que esses países construíram ao longo dos anos, com um dos maiores conglomerados industriais e tecnológicos do mundo, responsável por milhões de empregos bem remunerados.

O setor automotivo seria um dos mais prejudicados, já que grandes montadoras norte-americanas, como General Motors, Stellantis e Ford, operam no México e seriam obrigadas a arcar com os custos adicionais. "O que Trump está dizendo com essa medida é: 'vamos taxar as principais empresas norte-americanas do mundo'", destacou o secretário de Economia.

As tarifas de 25% também teriam um impacto direto nos lucros das empresas dos EUA, que enfrentariam um aumento significativo nos custos. Ebrard apontou que a elevação das tarifas equivaleria a um aumento no imposto sobre os lucros das empresas norte-americanas, o que reduziria seus lucros, aumentaria os preços para os consumidores e poderia reduzir o crescimento econômico.

Alternativas

Ele ainda estimou que cerca de 400 mil empregos seriam perdidos nos Estados Unidos, de acordo com conversas com diferentes empresas.

Em um exemplo concreto, o secretário lembrou que 88% das picapes vendidas nos Estados Unidos vêm do México. Caso as tarifas sejam implementadas, o preço desses veículos poderia subir até US$ 3 mil.

Ebrard defendeu que a alternativa seria manter a união do Tratado México-EUA-Canadá (T-MEC), promovendo uma região forte e competitiva, responsável por 30% do PIB mundial, ao invés de enfraquecer as economias envolvidas com aumentos tarifários.

Por fim, o governo mexicano já se prepara para apresentar uma proposta a Trump e sua equipe, baseada em políticas que garantam "estabilidade regional, prosperidade compartilhada e competitividade global".