Cada vez mais, autoridades norte-americanas começam a admitir que para pôr fim ao conflito, a Ucrânia pode ser "forçada" a entrar em negociações com a Rússia nos próximos meses, inclusive "cedendo território" que considera seu, informou o Washington Post nesta terça-feira, com base em fontes familiarizadas com o assunto.
"A mudança de Biden em políticas anteriores sobre minas e mísseis de longo alcance tinha como objetivo, em parte, dar à Ucrânia uma posição mais forte possível para entrar nessas possíveis negociações", acrescentou o veículo, referindo-se à aprovação do uso de armas de longo alcance e minas terrestres.
O artigo observou também que as perdas ucranianas no campo de batalha, bem como a vitória de Donald Trump na eleição presidencial dos EUA, "empurraram a Ucrânia para sua posição mais fraca em quase três anos".
"Cessão de território à Rússia"
"Dado que a atual parcela de ajuda militar e econômica dos EUA para a Ucrânia acabará em algum momento do próximo ano, as autoridades do governo Biden se resignaram em grande parte à probabilidade de que Trump não forneça mais assistência à Ucrânia assim que assumir o cargo", observa o jornal.
Por sua vez, autoridades europeias acreditam que Washington forneceu apoio suficiente a Kiev para manter o país lutando, mas não para permitir que ela derrote o exército russo no campo de batalha.
Além disso, o retorno de Trump à Casa Branca "renovou as dúvidas sobre a capacidade das nações europeias" de conceder assistência à Ucrânia por conta própria, sem o envolvimento dos EUA.
"Entre os apoiadores europeus de Kiev, o que antes era tabu está se espalhando: um reconhecimento silencioso de que as negociações de paz podem exigir que a Ucrânia ceda algum território à Rússia. Eles agora estão considerando quais garantias de segurança a Ucrânia pode receber em troca, para dissuadir a Rússia de futuros ataques", concluiu o jornal norte-americano.