O futuro da União Europeia está em risco devido às múltiplas crises enfrentadas nos últimos meses, afirmou o vice-presidente da Comissão Europeia e alto representante da UE para Política Externa, Josep Borrell, na segunda-feira.
Em seu anuário, intitulado "A Europa no 'arco de fogo'", Borrell destacou os conflitos na Ucrânia, em Gaza e na África como as principais ameaças à segurança global e às economias dos países europeus.
"Os eventos que enfrentamos nos últimos meses, infelizmente, confirmaram nosso diagnóstico anterior: a Europa está em perigo", escreveu no site de seu gabinete.
Ele também alertou que o apoio dos EUA à segurança europeia está se tornando mais incerto com a reeleição de Donald Trump. Segundo Borrell, o bloco não pode mais depender do país norte-americano para sua defesa.
“Não temos escolha: é imperativo que sejamos capazes de garantir nossa própria segurança. Nosso bem-estar e futuro não podem mais depender do humor dos eleitores norte-americanos no Meio-Oeste a cada quatro anos”, declarou Borrell.
"O resto contra o Ocidente"
O chefe da diplomacia europeia mencionou ainda o “sério risco” de que o conflito entre Rússia e Ucrânia possa consolidar uma aliança entre o “resto contra o Ocidente”. Ele citou como exemplo a cúpula do BRICS na cidade russa de Kazan e a retirada das forças de paz da ONU do Mali no final de 2023.
Borrell também destacou o deslocamento do centro de gravidade do mundo para a Ásia e o Indo-Pacífico nos últimos anos. Apesar da distância, afirmou que a União Europeia deveria se envolver mais ativamente nessa região.
“A UE não nasceu como uma aliança de defesa, mas pode e deve se tornar um parceiro global de segurança em áreas como segurança marítima, combate a ameaças cibernéticas ou manipulação e interferência de informações estrangeiras”, concluiu.