Sindicato dos delegados de polícia de SP acusam escola de Samba Vai-Vai de "demonizar a polícia"

O Sindicato de delegados de polícia do estado de São Paulo publicou, na segunda-feira (12/2), uma nota de repúdio acusando a escola de Samba Vai-Vai de "demonizar a polícia" durante o seu desfile no Sambódromo do Anhembi, realizado no sábado.

"A escola de samba, em nome do que chama de "arte" e de liberdade de expressão, afronta às forças de segurança pública, desrespeita e trata, de forma vil e covarde, profissionais abnegados que se dedicam, dia e noite, à proteção da sociedade".

A nota critica, inclusive, a caracterização, que tornou a "demonização" literal. "Com direito a chifres e outros itens que remetiam à figura de um demônio, as alegorias utilizadas na ala 'Sobrevivendo no Inferno', demonizaram a Polícia - algo que causa extrema indignação", escreve o sindicato.

Em resposta, a Vai-Vai defendeu, nesta terça-feira, o valor artístico do desfile, negando a intenção de "promover qualquer tipo de ataque individualizado ou provocação".

Representantes da escola explicaram que o desfile possui como recorte histórico a década de 1990, período em que "a segurança pública no estado de São Paulo era uma questão importante e latente, com índices altíssimos de mortalidade da população preta e periférica".

Contextualizando seus intentos, a Vai-Vai afirmou ainda que a ala homenageia o álbum Sobrevivendo no Inferno e o grupo de hip-hop Racionais Mcs, que o produziu. Complementa:

"É de conhecimento público que os precursores do movimento hip hop no Brasil eram marginalizados e tratados como vagabundo, sofrendo repressão e, sendo presos, muitas vezes, apenas por dançarem e adotarem um estilo de vestimenta considerado inadequado para a época. Ou seja, o que a escola fez, na avenida, foi inserir o álbum e os acontecimentos históricos no contexto que eles ocorreram, no enredo do desfile".