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Operação Lava Jato se desfaz discretamente, afirma NY Times

O jornal norte-americano destaca as consequências das decisões do STF sobre casos de corrupção envolvendo diversos países da América Latina.
Operação Lava Jato se desfaz discretamente, afirma NY TimesGettyimages.ru / Ton Molina/NurPhoto

O Supremo Tribunal Federal (STF) do Brasil "descartou provas importantes", anulando condenações e suspendendo bilhões de dólares em multas em uma série de casos de suborno, ao argumentar que investigadores, promotores e juízes tendenciosos violaram leis em sua "busca por justiça", conforme relata o New York Times, no domingo.

"Uma das maiores repressões à corrupção da história recente está sendo discretamente apagada", afirmou o jornal, observando que o tribunal brasileiro também anulou casos em que políticos e executivos de alto escalão se declararam culpados.

O veículo norte-americano destacou que essas decisões agora levam à anulação, em toda a América Latina, de pelo menos 115 condenações no Brasil. Além disso, segundo o NY Times, as anulações afetam diversos outros casos no Panamá, Equador, Peru e Argentina, incluindo as condenações de ex-presidentes.

"Tudo isso equivale a um amplo desmantelamento da Operação Lava Jato, uma investigação abrangente iniciada há uma década, que revelou um vasto esquema de corrupção envolvendo pelo menos 12 países", informou o jornal.

A investigação revelou que empresas "haviam pago bilhões de dólares em subornos a funcionários do governo em troca de projetos públicos".

Segundo o NY Times, as descobertas afetaram profundamente o cenário político da América Latina, resultando no fechamento de empresas multinacionais (a maioria brasileiras) e gerando bilhões de dólares em multas, além de centenas de condenações que contaram com o apoio da população da região.

Em outubro, o ministro Gilmar Mendes, do STF, decidiu anular todas as condenações do ex-ministro da Casa Civil, José Dirceu (PT), relacionadas à Operação Lava Jato. A decisão se baseou na ampliação de uma determinação anterior que considerou o ex-juiz, ex-ministro da Justiça do governo Bolsonaro e atual senador Sergio Moro (União Brasil-PR) suspeito em processos que envolvem o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).