
Macron é criticado após dizer que haitianos são "completamente burros"

Na quinta-feira, o ministro das Relações Exteriores do Haiti se reuniu com o embaixador da França no país caribenho para questionar os comentários "hostis e inapropriados" feitos pelo presidente Emmanuel Macron durante sua estadia no Rio de Janeiro, no contexto da cúpula do G20.
Durante o evento, câmeras flagraram uma conversa entre o presidente francês e o prefeito carioca, Eduardo Paes. Nas imagens, Macron afirma que os haitianos "são completamente burros" por terem destituído o primeiro-ministro Garry Conille em um momento de conflito entre facções criminosas.
Honte à Macron qui dit que les Haïtiens sont «complètement cons».Qu’est-ce que c’est que ce vocabulaire ?!!Vous voulez aider Haïti, M. Macron ?Alors parlez de la responsabilité de la France dans la situation, parlez de la double dette d’Haïti ! pic.twitter.com/h0GroQpnWE
— Antoine Léaument 🇫🇷 (@ALeaument) November 21, 2024
"Honestamente, foram os haitianos que acabaram com o Haiti ao permitir a entrada do tráfico de drogas. E depois, o que fizeram com o primeiro-ministro. Ele era ótimo, eu o defendi e eles o demitiram, é terrível, é terrível, não posso substituí-lo, eles são completamente burros. Nunca deveriam tê-lo demitido", diz Macron na gravação.
O Haiti é uma ex-colônia francesa marcada por desastrosas intervenções de países ocidentais. Durante a Guerra Fria, a Dinastia Duvalier, apoiada pelos Estados Unidos sob a bandeira do anti-comunismo, matou cerca de 60 mil pessoas, gozando de impunidade absoluta.

Em 2022, Thierry Burkhard, ex-embaixador da França em Porto Príncipe, admitiu que seu país e os Estados Unidos efetivamente orquestraram o golpe de estado que depôs Jean-Bertrand Aristide - o primeiro presidente democraticamente eleito do Haiti, lembrado por ter exigido reparações históricas de Paris.
Neste ano, forças internacionais foram enviadas ao Haiti após o caos instaurado com o assassinato do presidente Jovenel Moïse em 2021. Grande parte dessas forças é queniana, mas os EUA manifestaram o desejo de substituí-las por forças de manutenção de paz das Nações Unidas. Representantes da Rússia e a China nas ONU foram contrários à ideia.
