Brasil pede desculpas pela escravização de pessoas negras
Em um evento comemorativo ao Dia da Consciência Negra, realizado na quinta-feira, o governo brasileiro pediu oficial desculpas à população negra pela escravização e seus impactos históricos. O pedido foi feito em nome do Estado brasileiro.
"Nessa caminhada de luta, que é abolicionista, que a gente lutou e continua lutando por liberdade, a gente vem construindo a cada dia passos muito importantes. Essa memória de mais de 300 anos de escravatura não acaba no 13 de maio, porque o 14 de maio começa com o total abandono da população negra no país", afirmou a ministra dos Direitos Humanos e da Cidadania, Macaé Evaristo.
A ministra também destacou que "toda essa construção foi sendo trabalhada com muita luta e com muita força pelos movimentos negros ao longo do século XX".
Segundo ela, os resultados desse esforço são visíveis hoje, graças às "ações efetivas de muitos atores do movimento negro" que impulsionam as mudanças no Brasil. No entanto, Evaristo lamentou que "a gente tem um Estado impregnado pelo patrimonialismo, pelo racismo e pelo colonialismo".
A ministra da Igualdade Racial, Anielle Franco, também participou do evento e relembrou sua irmã, a vereadora Marielle Franco, assassinada em 2018.
"Para além do pedido de desculpas, no ano de 2024, nós tivemos a condenação dos assassinos de minha irmã. Não é normal a cada dia e em cada instante a gente ter que lidar com essas mazelas e essas dores. São desafios enormes e, por isso, é importante a gente pensar esse trabalho coletivo, um trabalho coletivo concreto", afirmou Anielle.
Entre os destaques do evento, houve o lançamento da Plataforma JurisRacial, um repositório digital criado para compilar e disponibilizar documentos jurídicos relacionados a questões raciais.