Jair Bolsonaro e Hermes da Fonseca: o que eles têm em comum?
Caso Jair Bolsonaro seja denunciado pelo Ministério Público e condenado pelo Supremo Tribunal Federal (STF), ele não será o primeiro ex-presidente punido por tentativa de golpe de Estado no Brasil.
Hermes da Fonseca, marechal e político brasileiro que governou o país entre 1910 e 1914, teve a prisão decretada em 1922, acusado de envolvimento em levantes militares no Rio de Janeiro. Os rebeldes buscavam impedir a posse de Artur Bernardes, sucessor eleito do então presidente Epitácio Pessoa.
"Em nenhum caso de golpe, desde a Proclamação da República até os dias atuais, e foram vários, houve sequer indiciamento, que dirá condenação, de militares golpistas", afirmou o historiador Carlos Fico, professor da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), em entrevista ao jornal O Globo.
Ele destacou que "o maior risco para a democracia brasileira ao longo da história passa justamente pelo intervencionismo das Forças Armadas no poder".
Fico lembra que a prisão de Hermes da Fonseca ocorreu durante a República Velha (1889-1930), quando as instituições e o sistema de Justiça eram bem diferentes dos dias atuais.
O ex-presidente foi acusado de conspirar contra o governo de Epitácio Pessoa (entre 1919 e 1922), sendo suspeito de liderar levantes para impedir a posse de Artur Bernardes.
O Centro de Pesquisa e Documentação de História Contemporânea do Brasil (CPDOC), da Fundação Getúlio Vargas, aponta que Hermes da Fonseca apoiou protestos em Pernambuco e chegou a fazer um apelo para que os soldados não reprimissem os manifestantes. Por conta disso, o então presidente Epitácio Pessoa ordenou a prisão do marechal, que durou apenas um dia.
Caso Bolsonaro
Nesta quinta-feira, a Polícia Federal (PF) indiciou formalmente o ex-presidente Jair Bolsonaro de envolvimento em uma tentativa de golpe contra o presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
Esse não é o primeiro indiciamento de Bolsonaro, que já responde por acusações de associação criminosa, lavagem de dinheiro, apropriação de bens públicos e inserção de dados falsos no sistema do Ministério da Saúde.
Além do ex-presidente, os generais Walter Braga Netto, ex-companheiro de chapa e ex-ministro da Casa Civil e da Defesa, e Augusto Heleno, ex-ministro do Gabinete de Segurança Institucional, também foram indiciados, segundo o g1.
Outros nomes citados incluem Alexandre Ramagem, ex-presidente da Agência Brasileira de Inteligência (Abin), e Valdemar da Costa Neto, presidente do Partido Liberal (PL).