"Vontade de matar alguém todo mundo já teve": clã Bolsonaro critica operação da PF
A investigação da Polícia Federal sobre uma suposta tentativa de matar autoridades de alto escalão "não deveria ter gerado um inquérito", afirmou na terça-feira o senador Flávio Bolsonaro, filho do ex-presidente Jair Bolsonaro. Ele disse que a tentativa não configura um crime.
"Isso é o plano da tentativa de golpe?", ironizou o senador no plenário, defendendo que "todo mundo já teve vontade de matar alguém em algum momento", e, por isso, "não é crime".
Explicando sua posição, Flávio Bolsonaro argumentou que, para que haja uma tentativa de golpe, é necessário que ocorra algum fato que impeça os agentes de executar o plano, o que, segundo ele, não aconteceu.
O senador também criticou as autoridades, afirmando que elas, com o apoio da mídia, estão criando uma sensação de que as pessoas devem ser punidas "por algo que não fizeram".
Flávio Bolsonaro se dirigiu especificamente a Alexandre de Moraes, que seria uma das vítimas do plano, dizendo que ele não deveria tomar decisões por ser uma suposta vítima. O senador ainda cobrou a aprovação da anistia e afirmou que Moraes "cometeu crimes", prometendo "cassar" o ministro quando obtiver maioria no Senado.
Da mesma forma, o irmão de Flávio, o deputado Eduardo Bolsonaro, afirmou a jornalistas na Câmara dos Deputados que "o crime só existe como tentativa quando se inicia a execução", segundo a Rádio Itatiaia.
Ele também opinou que a investigação parece ser "uma narrativa criada para tentar dizer que há um risco real à democracia, quando vemos que isso não existe".
Operação Contragolpe
Na terça-feira, a Polícia Federal prendeu cinco pessoas com autorização do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Alexandre de Moraes, em uma investigação sobre uma organização criminosa supostamente envolvida em uma tentativa de golpe de Estado em 2022.
Entre os detidos estão quatro militares das Forças Especiais do Exército, da ativa e da reserva, conhecidos como "kids pretos", além de um policial federal.
De acordo com Polícia Federal, o plano envolvia a tentativa de matar o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o vice-presidente Geraldo Alckmin e o ministro Alexandre de Moraes. Ele teria sido impresso no Palácio da Alvorada e discutido com o ex-presidente Jair Bolsonaro ainda durante seu mandato.