O presidente chinês, Xi Jinping, foi recebido com todas as honras em Brasília para uma visita de Estado após a Cúpula do G20, enquanto o presidente dos EUA, Joe Biden, estava voltando para casa, observou o Financial Times nesta quinta-feira.
A caminho do Rio de Janeiro, onde ocorreu a cúpula do grupo, Biden passou pela Amazônia e anunciou uma doação de US$ 50 milhões para um fundo de conservação, enquanto Xi se concentrava em investimentos chineses multibilionários.
De acordo com o jornal, o comércio da China com a América Latina cresceu consideravelmente nas últimas duas décadas, passando de US$ 12 bilhões em 2000 para US$ 450 bilhões em 2023.
Com exceção do México, que tem acesso especial ao mercado dos EUA por meio do USMCA, a maioria dos países da região agora tem a China como seu principal parceiro comercial.
Nos últimos anos, os chineses investiram em setores-chave da América do Sul, como mineração de minerais essenciais, geração e transmissão de eletricidade, além de infraestrutura digital e de transporte.
A disputa entre as superpotências é intensa, pois os recursos envolvidos são vastos. A América Latina detém 57% das reservas globais de lítio, 37% do cobre, quase um quinto do petróleo e quase um terço da água doce e da floresta primária do mundo.
Ciente da importância da região, Xi também visitou o Peru na semana passada, liderando uma delegação de centenas de empresários chineses, e inaugurou a primeira fase de um porto de US$ 3,5 bilhões, destinado a revolucionar o transporte marítimo da costa do Pacífico da América Latina para a China.
"Desatualizado e obsoleto"
Por sua vez, Biden anunciou nove helicópteros Black Hawk para um programa antidrogas de US$ 65 milhões, além de uma doação de trens de segunda mão da Califórnia para o sistema de metrô de Lima.
Michael Shifter, professor adjunto da Universidade de Georgetown, chamou isso de um "contraste impressionante". Diante do "enorme projeto de mega-porto chinês", que remete à história do Peru, o que Biden entregou foram "mais alguns helicópteros para a erradicação da coca".
"Isso parece completamente desatualizado e obsoleto", observou o professor.