Durante seu discurso na 3ª Sessão da Reunião de Líderes do G20 nesta terça-feira, o presidente do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva, criticou a postura dos líderes globais diante da emergência climática, destacando que iniciativas como o Protocolo de Quioto se tornaram "referência de frustração na ação coletiva".
O presidente brasileiro lembrou que foi no Rio de Janeiro, na conferência ECO 1992, que nasceram as três Convenções-Quadro da ONU sobre Mudança do Clima, Biodiversidade e Desertificação, e que poucas pessoas imaginavam que pouco mais de três décadas depois "estaríamos vivendo o ano mais quente da história, com enchentes, incêndios, secas e furacões cada vez mais intensos e frequentes".
Ele acrescentou que, embora os esforços até agora tenham ajudado a evitar um cenário pior, é necessário fazer mais e melhor.
"Mas temos que fazer mais e melhor. O Protocolo de Quioto se tornou referência de frustração na ação coletiva", afirmou Lula.
O presidente também fez um apelo à comunidade internacional para considerar a criação de um Conselho de Mudança do Clima na ONU. "Não faz sentido negociar novos compromissos se não temos um mecanismo eficaz para acelerar a implementação do Acordo de Paris", disse.
"Não faz sentido negociar novos compromissos se não temos um mecanismo eficaz para acelerar a implementação do Acordo de Paris".
Lula sublinhou que o G20 é responsável por 80% das emissões de gases do efeito estufa e, reconhecendo o papel importante do grupo, anunciou o lançamento da Força-Tarefa para a Mobilização Global contra a Mudança do Clima pela presidência brasileira.
Para discutir como enfrentar os desafios climáticos, pela primeira vez, ministros de Finanças, Meio Ambiente e Clima, Relações Exteriores e presidentes de Bancos Centrais se reuniram.
O presidente brasileiro destacou também a importância de alinhar as novas Contribuições Nacionalmente Determinadas (NDCs) à meta de limitar o aumento da temperatura global a 1,5°C.
Lula pediu aos países desenvolvidos do G20 que antecipem suas metas de neutralidade climática de 2050 para 2040 ou até 2045. Para as nações em desenvolvimento, ele solicitou que suas NDCs incluam toda a economia e todos os gases de efeito estufa.
Além disso, o presidente lembrou que o Brasil possui "uma das matrizes energéticas mais limpas do mundo, com 90% de eletricidade proveniente de fontes renováveis", ressaltando as conquistas do Brasil em biocombustíveis e demais fontes de energia não poluentes.
"Somos campeões em biocombustíveis, avançamos na geração eólica e solar e em hidrogênio verde".
Lula ainda saudou a aprovação dos Princípios sobre Bioeconomia do G20, que estabelecem as bases para um novo modelo de desenvolvimento, e observou que a Amazônia continuará em risco, mesmo sem a derrubada de árvores, caso o restante do mundo não tome medidas para conter o aquecimento global.
O presidente também destacou que o Brasil continuará trabalhando com a ONU e a UNESCO na Iniciativa Global pela Integridade das Informações sobre Mudança do Clima.