Com 28 votos a favor e 1 contra, o Parlamento da Abkhazia, república do Cáucaso que fazia parte da União Soviética, aceitou nesta terça-feira a renúncia do presidente Aslan Bzhania.
A decisão ocorreu no contexto de intensos protestos, e foi uma tentativa de encerrar a crise política que eclodiu na semana passada.
A renúncia foi comunicada após longas negociações com a oposição, que duraram cerca de oito horas na segunda-feira.
"Para preservar a estabilidade e a ordem constitucional no país, estou renunciando ao cargo de presidente da República da Abkházia, conforme o artigo 65 da Constituição", escreveu Bzhania em uma carta ao presidente do parlamento, Lasha Ashuba.
De acordo com o acordo firmado com a oposição, o primeiro-ministro Aleksander Ankvab também deixará o cargo e será substituído pelo ex-primeiro-ministro Valeri Bganba.
O vice-presidente Badra Gunba assumirá a presidência interina até que novas eleições sejam convocadas.
Protestos acirrados
As manifestações começaram na semana passada, quando o parlamento da Abkházia discutia um acordo com Moscou que permitiria às empresas russas realizarem investimentos na região.
A oposição argumentou que o acordo daria benefícios significativos às empresas estrangeiras e prejudicaria a soberania econômica do país.
Na sexta-feira, manifestantes invadiram edifícios governamentais, exigindo a renúncia de Bzhania.
Houve confrontos com a polícia, e várias pessoas ficaram feridas. Os manifestantes rejeitaram a ideia de eleições antecipadas e afirmaram que não deixariam o complexo governamental até que o presidente renunciasse.
Inicialmente, Bzhania se recusou a deixar o cargo, descrevendo os protestos como uma "tentativa de golpe". Ele acusou seus opositores de adotarem uma retórica anti-russa e de se envolverem em "batalhas políticas sujas" para prejudicar o processo eleitoral.
"Eles querem impor uma opção forçada aos nossos eleitores", afirmou em uma entrevista exclusiva à RT, transmitida no domingo. "Isso é uma tentativa de golpe? Sim, é uma tentativa. Ainda não acabou", acrescentou.
- A Abkházia, possuindo uma população de cerca de 244 mil pessoas, declarou independência da Geórgia após um conflito na década de 1990. Em 2008, após novo conflito e uma tentativa de invasão por parte da Geórgia, a região foi reconhecida como um Estado independente pela Rússia e por outros países. A Geórgia ainda reivindica a região como parte de seu território.