Para o presidente da Argentina, Javier Milei, o capitalismo de livre iniciativa, e não uma maior intervenção estatal, é o caminho para tirar milhões de pessoas da pobreza. A declaração foi feita durante seu discurso na segunda-feira, no primeiro dia da cúpula do Grupo dos Vinte (G20).
Na sessão dedicada ao combate à fome e à pobreza, Milei criticou a intervenção estatal na economia, afirmando que, "seja por malícia ou ignorância", a maioria dos governos modernos acredita equivocadamente que esses problemas podem ser resolvidos por meio do planejamento centralizado. "As evidências empíricas mostram o contrário", afirmou.
"Toda vez que um Estado teve 100% de controle sobre a economia, o que é apenas uma forma bonita de descrever a escravidão, o resultado foi o êxodo de pessoas e capitais, além de milhões de mortes por fome, frio ou violência", afirmou o presidente. Ele completou: "O único sistema que realmente funciona para tirar bilhões da pobreza é o capitalismo de livre iniciativa. Qualquer outra proposta é pura arrogância para sustentar sociólogos mal treinados e desonestos".
"Submissão ou rebelião"
Sobre o funcionamento das instituições de governança global, Milei declarou que seus mecanismos não oferecem "um canal de conversação entre pares", mas apenas duas opções: "submissão ou rebelião". Ele defendeu que as novas bases da comunidade internacional devem se basear na "cooperação voluntária entre nações soberanas, como iguais, em defesa da liberdade individual".
Inicialmente, a Argentina não aderiu à aliança global contra a fome e a pobreza lançada pelo Brasil, mas mudou sua posição e acabou participando da iniciativa.
O gabinete presidencial informou que o governo argentino assinou a declaração dos líderes, mas se distanciou parcialmente de pontos relacionados à Agenda 2030 da ONU. Entre os trechos rejeitados por Milei, sem comprometer a posição geral do grupo, estão "a promoção de restrições à liberdade de expressão nas redes sociais, a imposição de esquemas que violam a soberania nacional, o tratamento desigual perante a lei e, sobretudo, a ideia de que uma maior intervenção estatal é a solução para a fome".
O governo argentino também ressaltou que, embora organismos como o G20 tenham sido criados com o objetivo de permitir a cooperação voluntária entre nações autônomas e iguais, "quase 70 anos após o início desse modelo, é necessário reconhecer que ele está em crise, há muito tempo distante de seu propósito original".