Com 46 votos a favor e 12 contra, os senadores australianos aprovaram nesta segunda-feira uma moção de censura contra a senadora indígena Lidia Thorpe, condenando seu comportamento durante a visita do rei Charles III ao país no mês passado.
A líder do governo no Senado, Penny Wong, afirmou que as ações de Thorpe tinham como objetivo "incitar a indignação e a mágoa". "Isso faz parte de uma tendência que vemos internacionalmente e, francamente, não precisamos disso aqui na Austrália", disse Wong aos parlamentares.
Durante a visita do monarca britânico, Thorpe gritou palavras de ordem anticoloniais: "Você não é nosso rei. Vocês cometeram genocídio contra nosso povo. Devolvam-nos nossas terras. Devolvam-nos o que nos roubaram: nossos ossos, nossos crânios, nossos bebês, nosso povo", disse ela em direção ao palanque onde estavam o rei, sua esposa e o primeiro-ministro australiano, Anthony Albanese.
Mesmo após a censura no Senado, a parlamentar declarou que não se arrepende e repetiria suas ações: "Se o rei colonizador voltasse ao meu país, ao nosso país, eu o faria novamente e continuarei a fazê-lo".
Ela ainda reforçou sua posição: "Vou me opor à colonização neste país. Juro fidelidade aos verdadeiros soberanos dessas terras: os povos originais são os verdadeiros soberanos. Um rei aleatório não pode simplesmente aparecer e dizer que é soberano".
A senadora dos Verdes, Mehreen Faruqi, defendeu Thorpe e se posicionou contra a moção de censura. "A bolha de privilégios brancos que envolve este Parlamento é um problema sistêmico", argumentou.
"É por isso que estamos aqui hoje, debatendo a censura contra uma senadora negra por dizer a verdade sobre o genocídio da coroa britânica contra os povos das Primeiras Nações e por dizer a verdade da maneira que ela quer dizer", concluiu Faruqi.