Argentina ameaça bloquear o comunicado conjunto da cúpula do G20

Essa decisão responderia a "objeções relacionadas à tributação dos super-ricos e à igualdade de gênero", relata o FT citando suas fontes.

A Argentina ameaçou bloquear o comunicado final da Cúpula dos Líderes do Grupo dos Vinte (G20) a ser realizada na próxima segunda e terça-feira no Rio de Janeiro, informou o Financial Times no domingo, citando pessoas familiarizadas com o assunto.

De acordo com o veículo de comunicação, o motivo dessa decisão são "objeções relacionadas à tributação dos super-ricos e à igualdade de gênero". "[O governo argentino] quer transformar o G20 no Brasil em um teste entre novas e velhas forças”, afirmou uma autoridade brasileira, cujo nome não foi fornecido.

"Após um ano de negociações sobre impostos e consenso, eles estão criando problemas com coisas que já haviam concordado antes, palavra por palavra", acrescentou a fonte.

A fonte observou que os diplomatas também estão tentando chegar a um "consenso" sobre o financiamento de projetos destinados a combater a mudança climática, bem como sobre "questões geopolíticas", como o conflito ucraniano e as tensões no Oriente Médio. De acordo com a fonte, "houve progresso nos principais pontos das negociações que se estenderam até o início da manhã de domingo".

O possível veto de Buenos Aires "aumentou a preocupação de muitos diplomatas ocidentais" de que a vitória de Donald Trump nas eleições presidenciais dos EUA "encorajará seus aliados conservadores" e os levará a rejeitar acordos relacionados ao aquecimento global. "Trump prometeu retirar os Estados Unidos dos acordos climáticos de Paris", lembra o artigo.

Nesse contexto, o jornal indicou que a oposição da Argentina à minuta do comunicado ocorre após a reunião de Javier Milei com o presidente eleito dos EUA na Flórida, na quinta-feira. "Então, todo esse trabalho que fizemos com os EUA [sob Biden], o que faremos agora com ele?", disse um diplomata europeu sênior. "Perdemos a iniciativa", lamentou ele. "Biden sempre tentou nos consultar o máximo possível", disse a fonte, acrescentando que, de agora em diante, ao que parece, "Trump seguirá seu próprio caminho".