Os países não querem que ninguém lhes ditem como devem fazer comércio ou que os proíbam de explorar seus próprios recursos naturais, afirmou o ministro das Relações Exteriores da Rússia, Sergey Lavrov, em entrevista ao projeto New World, nesta quinta-feira.
Lavrov destacou que, durante a conferência Rússia-África, realizada em 10 de novembro em Sochi, "a maioria esmagadora" dos representantes africanos criticou a exploração de seus recursos por empresas ocidentais.
Ele acrescentou que minerais como metais raros e urânio são extraídos e levados para processamento no estrangeiro, deixando todo o valor agregado e os lucros fora da África.
O chanceler russo afirmou que essa situação impede que países africanos utilizem suas próprias matérias-primas, comprometendo sua soberania e autonomia.
Ele também citou um episódio ocorrido na Cúpula de Joanesburgo, na África do Sul, no ano passado, quando houve dificuldades para reabastecer uma aeronave. "Quase todas as empresas que fazem o reabastecimento não são de propriedade local", disse.
O ministro mencionou ainda que situações parecidas ocorreram no Brasil, onde também houve problemas para reabastecer aviões. "Isso é irritante", afirmou, acrescentando que os Estados Unidos ignoram esse impacto ao impor sanções.
Para Lavrov, países que enfrentam sanções terão receio delas por algum tempo para evitar punições secundárias. No entanto, ele acredita que o desejo por soberania está crescendo entre as populações desses países.