Trump tenta barrar entrega de colônia britânica, temendo influência chinesa

O novo governo dos EUA considera o acordo de entrega da colônia como uma "hostilidade total", diz o deputado britânico Nigel Farage.

A equipe de transição do presidente eleito dos EUA, Donald Trump, consultou o Pentágono sobre o recente acordo do Reino Unido para transferir a soberania do arquipélago de Chagos para Maurício, informou o jornal The Independent na quarta-feira.

O parlamentar britânico Nigel Farage declarou ao veículo que Trump quer impedir o acordo, uma medida que "já está em andamento".

Na semana passada, Farage esteve nos EUA para apoiar o republicano e disse, na Câmara dos Comuns, que o acordo é "absolutamente hostil", pois o Reino Unido não teria "nenhuma base legal" para ceder a soberania, alegando ainda que os chagossianos se opõem à decisão, segundo The Guardian.

Em resposta, o ministro das Relações Exteriores, Stephen Doughty, afirmou que o Reino Unido teria enfrentado uma "decisão juridicamente vinculante" caso não tivesse negociado o acordo com Maurício.

O porquê dos temores

Chagos está localizado no Oceano Índico, em uma região estratégica. De acordo com o The Independent, os EUA usam a base em Diego Garcia, um dos atóis de Chagos, para operações com navios e bombardeiros.

Os republicanos temem que, ao ceder o território a Maurício, um aliado da China, uma possível instalação militar chinesa poderia surgir no local, ameaçando interesses dos EUA.

Interesses dos EUA

O acordo prevê que o Reino Unido entregue Chagos a Maurício, com a exceção da ilha Diego Garcia, que permanecerá sob controle britânico por pelo menos 99 anos.

Enquanto o atual presidente, Joe Biden, apoia o acordo como um exemplo de diplomacia, a administração Trump sinaliza oposição à mudança, que deverá vigorar no próximo ano.

Críticas por parte do futuro governo

Recentemente, Trump nomeou Mike Waltz como conselheiro de segurança nacional, reconhecido por suas críticas à China, Rússia e Irã. Waltz já se posicionou contra o acordo, afirmando que a cessão do território a Maurício criaria "um vácuo que a China certamente ocupará", reportou o Daily Mail.

Além disso, Trump escolheu o senador Marco Rubio, conhecido por sua oposição à China, como secretário de Estado. Para Rubio, a transferência do arquipélago é "preocupante", pois permitiria que a China tivesse acesso próximo às operações de apoio naval dos EUA no Oceano Índico.