Durante uma audiência pública na Comissão de Relações Exteriores e Defesa Nacional da Câmara dos Deputados, o chanceler Mauro Vieira reconheceu que as relações entre Brasil e Venezuela "perderam um pouco de dinamismo", mas enfatizou que o Brasil não tem a intenção de romper laços com o país vizinho, informou o jornal O Globo.
"Ainda que as circunstâncias imponham uma inevitável redução do dinamismo do relacionamento bilateral, isso não significa, de forma alguma, que o Brasil deve romper relações ou algo dessa natureza com a Venezuela. Pelo contrário, diálogo e negociação e não isolamento, como bem ensinou o Barão do Rio Branco, são a chave para qualquer solução pacífica na Venezuela", declarou o ministro das Relações Exteriores.
Vieira informou que as autoridades brasileiras continuam em contato com seus pares venezuelanos e revelou que, nesta semana, conversou com o chanceler da Venezuela, Yvan Gil. O objetivo da conversa é negociar um salvo-conduto para que seis opositores de Nicolás Maduro, atualmente asilados na Embaixada da Argentina em Caracas, possam deixar o país.
O chanceler também destacou que o governo brasileiro não irá retirar a embaixadora em Caracas, Glivânia Oliveira, ao contrário do que fez o governo de Maduro. Ele afirmou que a diplomata é bem tratada pelas autoridades venezuelanas e que o embaixador da Venezuela, Manuel Vadell, pode retornar a Brasília quando desejar.
Mauro Vieira ressaltou que as "relações respeitosas com os vizinhos são um patrimônio da política externa brasileira" e lembrou que o Brasil atuou como garantidor do Acordo de Barbados, que visa assegurar eleições livres e transparentes em 2024. Ele reiterou que o "Brasil reconhece Estados, e não governos".