Rússia cria concreto a partir de borra de café
Cientistas da Universidade Técnica Estadual de Don (DSTU, na sigla em russo) desenvolveram concreto à base de biocarvão de borra de café como parte de um projeto de pesquisa internacional.
Os pesquisadores apresentaram um novo método de fabricação de um aditivo modificador. Segundo os resultados da pesquisa publicados na revista Recycling, essa inovação pode reduzir o consumo de cimento em cerca de 10% e melhorar a qualidade do concreto.
"Este estudo é universal e pode ter aplicação em países estrangeiros, especialmente os principais produtores de café no mercado mundial, como Brasil, Vietnã, Colômbia e Indonésia", afirmou Sergey Stelmakh, chefe do Departamento de Construção de Edifícios e Estruturas Únicas da DSTU, em entrevista à RIA Novosti.
Ele explicou ainda que o concreto produzido com o biocarvão de borra de café apresenta características físicas e mecânicas superiores, além de uma estrutura de alta qualidade, podendo ser utilizado em construções residenciais, civis e sociais.
A produção de um quilo de café instantâneo gera cerca de dois quilos de resíduos. Assim, das sete milhões de toneladas de café produzidas anualmente no mundo, são gerados aproximadamente 14 milhões de toneladas de resíduos no setor cafeeiro.
Segundo os pesquisadores, produtos orgânicos, como a borra de café, não podem ser adicionados diretamente ao concreto, pois liberam substâncias que enfraquecem o material. Por isso, os cientistas aqueceram as borras a 400°C para remover o oxigênio e transformá-las em um carvão poroso e rico em carbono, denominado biocarvão.
Com o apoio de especialistas da Turquia, Azerbaijão e Líbano, os cientistas da DSTU substituíram parte do cimento na fabricação do concreto por biocarvão. Ao analisar as propriedades do novo material, constataram que o aditivo não só reduz o consumo de cimento, mas também melhora as propriedades do concreto.