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Inseto que devora plástico pode ser uma arma contra a poluição

A capacidade das larvas de tenébrios de digerir poliestireno, um tipo comum de termoplástico, pode transformar o processo de gestão de resíduos.
Inseto que devora plástico pode ser uma arma contra a poluiçãoICIPE / 123RF

Cientistas do Centro Internacional de Fisiologia e Ecologia de Insetos (ICIPE, na sigla em inglês) descobriram no Quênia uma espécie de inseto capaz de consumir e decompor poliestireno, uma alternativa que pode contribuir no combate ao lixo plástico.

Os resultados desse estudo foram recentemente publicados na revista Nature.

As criaturas identificadas são pequenas larvas-de-farinha, que podem representar uma nova subespécie. Essa descoberta é significativa, pois coloca essas larvas entre os poucos organismos conhecidos com a capacidade de degradar esse tipo específico de plástico, sendo a primeira espécie nativa africana a demonstrar tal habilidade.

O problema do plástico é especialmente crítico na África, o segundo continente mais poluído por esse material. A situação, longe de melhorar, continua a se agravar.

Novas ferramentas para se livrar do lixo

Para testar a capacidade dos insetos de digerir plástico, os cientistas realizaram um experimento em que as larvas foram alimentadas com poliestireno, farelo de trigo ou uma combinação dos dois. Os insetos que receberam a dieta mista mostraram maior eficiência na decomposição do plástico.

Contudo, apenas com poliestireno, os vermes conseguiram processar cerca de 11,7% do material, embora sem obter energia suficiente para manter uma digestão eficaz.

A presença de bactérias no intestino das larvas-de-farinha facilita a quebra dos polímeros complexos do plástico. Micro-organismos como Kluyvera, Lactococcus e Klebsiella desempenham papel essencial nesse processo, transformando o poliestireno em compostos simples que as larvas conseguem digerir sem danos.

"Estudando esses 'devoradores de plástico' naturais, esperamos desenvolver novas ferramentas para reduzir os resíduos plásticos de maneira mais eficiente", explica Fathiya Khamis, coautora do estudo.

"Em vez de soltar esses insetos em aterros, uma medida inviável, é possível aproveitar os micróbios e enzimas que eles produzem em sistemas de tratamento de resíduos. Assim, o plástico pode ser gerido de forma mais prática em larga escala."