Rússia acusa EUA de colaborar com "extermínio" de palestinos em Gaza e exige cessar-fogo imediato

O embaixador russo na ONU afirmou que Washington teve muitas oportunidades de ajudar a acabar com o "derramamento de sangue", mas bloquearam todas as resoluções de paz.

Os Estados Unidos "enganaram deliberadamente" a comunidade internacional, dando a Israel tempo para implementar seus "planos de exterminar o maior número possível de palestinos em Gaza", declarou o representante permanente da Rússia na ONU, Vasili Nebenzia, na terça-feira.

Falando em uma reunião do Conselho de Segurança da ONU sobre a situação na Faixa de Gaza, o representante russo indicou que, ao longo de um ano de conflito, os EUA tiveram diversas oportunidades de ajudar a pôr fim ao "derramamento de sangue", mas optaram por bloquear todas as resoluções de paz.

"Washington, que se submete a Israel em tudo, compartilha com o governo israelense a culpa pela morte de mais de 43 mil palestinos, incluindo aqueles que morreram de fome e doenças infecciosas", denunciou Nebenzia, observando que, se Tel Aviv estivesse pronta para um acordo, já o teria feito há muito tempo, "em vez de impor novas condições".

Nebenzia enfatizou que tudo o que está acontecendo em Gaza faz parte dos esforços das autoridades israelenses para criar a chamada "zona tampão", na qual os civis são privados de seus meios de subsistência. "Estamos agora testemunhando ações israelenses semelhantes no sul do Líbano como resultado da tática de 'terra arrasada'", acrescentou.

A delegação russa enfatizou que "chegou a hora de agir" e expressou seu total apoio ao projeto de resolução sobre Gaza, preparado pelos 10 membros não permanentes do Conselho de Segurança, com uma demanda direta por um cessar-fogo imediato, incondicional e permanente, incluindo a libertação de todos os reféns.

Estado de extrema insegurança alimentar

Nebenzia destacou o relatório do Comitê de Revisão da Fome publicado no sábado passado, que registra que o sistema alimentar da Faixa de Gaza "não apenas não funciona, mas entrou em colapso".

"Toda a população do enclave, de mais de dois milhões de pessoas, está de fato em um estado de extrema insegurança alimentar, correspondente ao nível quatro da escala de insegurança alimentar da ONU, o que é seguido por fome e morte por inanição", alertou. Ele sublinhou ainda que as previsões de uma fome generalizada no norte de Gaza nos próximos meses são particularmente alarmantes.

Enquanto isso, as Forças de Defesa de Israel continuam sua operação militar "implacável", infligindo mais sofrimento à população civil.

"Os palestinos que conseguiram sobreviver aos bombardeios e ataques aéreos regulares são forçados a se deslocar constantemente pelo enclave em busca de comida e abrigo", destacou o representante russo, alegando que os civis que restam em Gaza "são oferecidos a escolha de morrer de fome ou de ataques de artilharia e bombardeios".

No último domingo, novos ataques israelenses na Faixa de Gaza, no Líbano e na Síria deixaram pelo menos 80 mortos, incluindo crianças, e dezenas de feridos. Segundo informações, o bombardeio israelense na Síria teve como alvo um ponto de distribuição de ajuda para libaneses deslocados. Um comboio que entregava suprimentos essenciais foi atingido.