Novo chefe militar da Ucrânia poderia provocar uma "reação violenta" entre os soldados - The Washington Post
A substituição de Valery Zaluzhny do cargo de comandante-em-chefe das Forças Armadas da Ucrânia por Aleksandr Syrsky faz parte de "uma reorganização arriscada de liderança que provavelmente será impopular entre as tropas desgastadas por quase dois anos de guerra", informou o The Washington Post na quinta-feira.
Segundo a mídia, a decisão do presidente Vladimir Zelensky de nomear Syrsky como o novo chefe militar do país provavelmente provocará "uma reação violenta" entre os combatentes ucranianos.
"Dentre os soldados comuns, Syrsky é especialmente desagradável, considerado por muitos como um comandante de estilo soviético" que manteve as tropas "sob fogo durante tempo demais" durante a defesa fracassada da cidade de Artyomovsk, conhecida na Ucrânia como Bakhmut, tomada pelas forças russas em maio do ano passado.
"Milhares de soldados ucranianos foram mortos e muitos outros resultaram feridos, defendendo a cidade, que tinha um valor estratégico limitado", observa o jornal, ressaltando que Syrsky recebeu o apelido de "o açougueiro" dentre algumas de suas tropas. "Só sei o que ouvi de meus subordinados", declarou um oficial militar de alto nível que falou sob condição de anonimato. "Cem por cento deles não o respeitam, porque não acreditam que ele conta as vidas dos soldados", manifestou.
Além disso, as forças ucranianas que estão atualmente no campo de batalha desconfiam de Syrsky por ser uma pessoa "muito próxima e leal" a Zelesnky, bem como ao chefe de gabinete presidencial da Ucrânia, Andrey Yermak. "Em alguns meses, provavelmente haverá algumas tentativas de realizar ações de assalto ou algo assim, porque Syrsky seguirá Zelensky. E Zelensky quer grandes vitórias", disse um oficial militar que atualmente luta no leste da Ucrânia.
"Creio que haverá mais ataques impensados", reiterou, agregando que o exército ucraniano vai "apegar-se a territórios que não deveriam ser mantidos". "Por exemplo, em Bakhmut, em vez de criar uma defesa normal, algumas estruturas de fortificação, trincheiras, simplesmente colocaram pessoas no moedor de carne para impedir os ataques", criticou essa fonte.
Suas palavras foram apoiadas por outro comandante que acredita que "os soldados ucranianos estarão em pior situação como resultado da mudança". "Porque cumprirá todas as demandas políticas ao tomar decisões militares", previu.