Luis Arce: "A história da Bolívia é a história do saqueio de nossos recursos naturais"

O presidente boliviano ressaltou a importância da cooperação sul-sul e afirmou que a presença de Rússia e China na região representa uma ameaça aos interesses econômicos dos EUA e à sua hegemonia na América Latina.

Durante entrevista com o ex-presidente do Equador, Rafael Correa, o presidente da Bolívia, Luis Arce, afirmou que seu país está sendo monitorado pelo Comando Sul dos Estados Unidos devido à sua riqueza mineral, ressaltando que os recursos naturais bolivianos devem beneficiar seus cidadãos.

"A história da Bolívia [...] é a história do saqueio de nossos recursos naturais", declarou o presidente boliviano durante o programa "Conversando con Correa", da RT.

Ele alegou que isso gerou uma conscientização muito importante na população nos últimos anos e agora está refletido na constituição política do Estado, que estabelece que "os recursos naturais da Bolívia devem ser usados para beneficiar os próprios bolivianos".

"Esse é o ponto de partida do nosso modelo econômico e social, que estamos aplicando na Bolívia desde 2006", indicou Arce.

Ele destacou ainda que o país está "na mira do Comando Sul" norte-americano, que identificou o triângulo do lítio - Argentina, Chile e Bolívia - e o declarou uma reserva estratégica para os Estados Unidos, com a Bolívia possuindo a maior reserva mundial desse mineral.

"Está claro que nossa riqueza natural gera cobiça por parte de outros países, e essa é nossa luta para manter nossa independência e soberania", acrescentou.

Nesse sentido, o presidente garantiu que estão observando algumas ações contra seu país. "Não podemos perder o controle estatal sobre os recursos naturais", insistiu.

Além disso, afirmou que a presença da Rússia e da China no território representa uma ameaça aos interesses econômicos dos EUA e à sua hegemonia na América Latina.

Cooperação com os BRICS

Arce também expressou sua esperança de que a Bolívia possa em breve ingressar no BRICS, argumentando que, com a cooperação dos países que compõem esse grupo, poderiam dar um "salto qualitativo" muito maior em direção à industrialização e que seus recursos poderiam ser usados para o planeta, para que todos possamos desfrutar de um mundo muito mais equitativo e justo.

Na opinião de Arce, isso seria diferente do que está acontecendo hoje, em que a concentração da unipolaridade não contribuiu em nada para o desenvolvimento da humanidade porque quis concentrar a riqueza nas mãos de poucos.

"Hoje, acredito que os países têm uma grande oportunidade de contar uns com os outros nessa cooperação sul-sul, nesse Sul Global de que falamos, para poder ter oportunidades de crescer, de se desenvolver e de fazê-lo da maneira mais justa e equitativa possível para todos nós", concluiu.