STF não prevê interferência de Trump em decisões sobre Bolsonaro, dizem ministros
A vitória de Donald Trump não vai alterar o funcionamento e as decisões do Supremo Tribunal Federal brasileiro, relataram os ministros da Corte à imprensa.
Na avaliação dos magistrados, o presidente eleito dos EUA terá questões como os conflitos no Oriente Médio e na Ucrânia como prioridades na sua política externa. Apesar disso, eles reconhecem que deve haver pressão sobre a Corte nas ações que envolvem o ex-presidente Jair Bolsonaro.
Mas o medo de que nova administração dos EUA pudesse influir nos processos na STF mais parecia um "desejo dos bolsonaristas" do que uma realidade, opinaram.
Alexandre de Moraes, que tem sido acusado de restringir a liberdade da expressão no Brasil, avaliou que "nada muda" com o retorno de Trump à presidência.
Tensões antigas
Em 2021, por ordem de Moraes, Jason Miller, ex-assessor de Donald Trump, foi detido no Brasil e levado para prestar depoimento à Polícia Federal na mesma investigação que envolve Jair Bolsonaro, sobre suposta tentativa de golpe de Estado.
Após ter sido liberado, Miller voltou para os EUA e desempenhou um papel importante como conselheiro e porta-voz de Donald Trump na campanha eleitoral desse ano. Atualmente, ele é uma das pessoas mais próximas do presidente eleito e poderá ocupar cargo no governo do país após a posse de Trump.
Pressão sobre o Brasil
O STF tem sido alvo de críticas por parte de republicanos da Câmara dos Representantes dos Estados Unidos, que acusam a corte brasileira de cometer um "abuso flagrante do poder judiciário". Cinco parlamentares fizeram um pedido ao Departamento de Estado dos EUA para que fossem negados vistos aos 11 magistrados do STF, em resposta ao bloqueio da rede social X.
Em um texto do pedido, o ministro Alexandre de Moraes foi descrito como um "ditador totalitário" com um "histórico bem documentado de restrição à liberdade de expressão", segundo as acusações dos republicanos.
Essas não foram as primeiras críticas dos republicanos dos EUA ao Brasil. Em abril, um relatório publicado pelos congressistas acusou o país de estar promovendo uma "campanha de censura" contra aqueles que "se opõem ao governo de esquerda".