O presidente da Colômbia, Gustavo Petro, reafirmou sua postura contra os líderes da dissidência das antigas FARC, aconselhando Néstor Gregorio Vera, conhecido como Iván Mordisco, a refletir sobre "o verdadeiro valor revolucionário da paz".
Em postagem no X (antigo Twitter), Petro sugeriu que Mordisco assistisse ao filme sobre a autobiografia de Nelson Mandela, acreditando que isso ajudaria o comandante dissidente a compreender o valor da paz.
O presidente destacou que, para os líderes das organizações armadas atuais, o que realmente representa um "desastre" não é a morte de seus membros, que são facilmente substituídos por outros jovens, mas a perda de recursos valiosos, como depósitos de drogas, ouro e armas.
Ele também apontou que a adesão de jovens a esses grupos se dá, em grande parte, pelo recrutamento forçado e pela promessa de ganhos financeiros.
Segundo Petro, Iván Mordisco e outros líderes dissidentes são "herdeiros da traição à paz", pois, ao invés de seguir o exemplo de Mandela e valorizar a paz, escolhem continuar a luta motivados pela ganância, especialmente em relação ao tráfico de drogas.
- Nesta semana, Iván Mordisco apareceu em vídeo após um ataque com bomba no departamento de Cauca, onde criticou o governo de Petro por sua suposta "radicalização" contra os membros da guerrilha e acusando o governo de agir "com fins lucrativos" e em defesa das grandes multinacionais.
Dessidências das antigas FARC
O conflito entre o governo colombiano e as FARC se arrasta por mais de 50 anos. Em 2016, o governo colombiano e a FARC assinaram os acordos de paz de Havana, que buscavam encerrar o conflito armado. No ano seguinte, a ONU finalizou sua missão de desarmamento da FARC, que oficialmente deixou de ser um grupo armado.
No entanto, uma facção da organização, contrária aos acordos com o governo, se tornou dissidente e continuou a luta armada.
Em junho de 2024, o governo colombiano firmou um cessar-fogo com a Segunda Marquetalia, liderada por Iván Márquez, outro grupo dissidente.
O grupo de Iván Mordisco também participou das negociações, mas, em julho, o governo rompeu o cessar-fogo bilateral após novos episódios de violência, especialmente no departamento de Cauca.