Putin explica a Tucker Carlson o que significa "desnazificação" da Ucrânia
A Rússia ainda não alcançou seus objetivos na operação especial na Ucrânia, porque um deles é a desnazificação, a proibição de todos os tipos de movimentos neonazistas, disse o presidente russo Vladimir Putin na quinta-feira em uma entrevista com o renomado jornalista norte-americano Tucker Carlson.
Questionado sobre o significado do termo "desnazificação", o líder russo explicou que, em sua busca por uma identidade, a Ucrânia deu prioridade a "falsos heróis que colaboraram com Hitler".
❗️Vladimir Putin relembrou quando Zelensky aplaudiu no parlamento canadense um veterano ucraniano que atuou em uma unidade militar da SS nazista, ao explicar o conceito de "desnazificação" pic.twitter.com/lo2wB8DTmp
— RT Brasil (@rtnoticias_br) February 9, 2024
Por que a "desnazificação" é necessária?
Quanto à definição e à necessidade da "desnazificação", Putin disse que, no início do século XIX, quando surgiram os teóricos da independência e da soberania ucranianas, eles partiram do fato de que uma Ucrânia independente deveria ter relações boas e amigáveis com a Rússia, mas devido ao desenvolvimento histórico e ao fato de que esses territórios por muito tempo fizeram parte da Comunidade Polonesa-Lituana, o povo se deparou com a questão de encontrar uma identidade.
"Quando a Segunda Guerra Mundial estourou, parte dessa elite extremamente nacionalista começou a cooperar com Hitler, acreditando que ele lhes traria liberdade. As tropas alemãs, incluindo as tropas da SS, delegaram aos colaboradores que cooperavam com Hitler o trabalho mais sujo de exterminar a população polonesa e judaica", continuou Putin.
Segundo ele, na Ucrânia, pessoas como Stepan Bandera e Roman Shukhovich foram transformadas em heróis nacionais. "Essas pessoas exterminaram poloneses, judeus e russos. É necessário pôr um fim a essa prática e a essa teoria", insistiu o presidente russo.
"E nos dizem o tempo todo: o nacionalismo e o neonazismo existem em outros países também. Sim, há surtos, mas nós os reprimimos, e em outros países eles são reprimidos. Mas não na Ucrânia", disse.
O mandatário ainda lembrou a ocasião em que um nazista ucraniano foi aplaudido no Parlamento canadense depois que foi anunciado que ele havia lutado na Segunda Guerra Mundial contra os russos. "Bem, quem lutou contra os russos durante a Segunda Guerra Mundial? Hitler e seus capangas. Descobriu-se que esse homem serviu nas forças da SS, matou pessoalmente russos, poloneses e judeus", denunciou Putin.
Como extinguir o "fogo do nacionalismo ucraniano"?
Questionado sobre como extinguir o "fogo do nacionalismo ucraniano" 80 anos após a morte de Hitler, o presidente russo respondeu: "Vocês dizem: Hitler morreu há 80 anos. Mas sua causa ainda está viva. Aqueles que exterminaram judeus, russos e poloneses estão vivos. E o presidente, o atual presidente da atual Ucrânia, está aplaudindo o senhor no Parlamento canadense".
Portanto, não se pode dizer que as autoridades ucranianas tenham "erradicado completamente essa ideologia", acrescentou. "Isso é o que queremos dizer com desnazificação. Temos que nos livrar das pessoas que mantêm essa teoria e prática vivas e tentam preservá-las", concluiu.
Negociações em Istambul
Além disso, Putin observou que essa questão também foi discutida durante as negociações em Istambul após o lançamento da operação especial.
"Esse é um dos problemas que também discutimos durante o processo de negociação que terminou em Istambul no início do ano passado, mas que não terminou por nossa iniciativa", disse ele. A esse respeito, Putin lembrou que representantes da França e da Alemanha o convenceram a retirar as tropas de Kiev, mas depois as autoridades ucranianas "jogaram fora todos os acordos que haviam sido firmados".
Meus colegas da França e da Alemanha me disseram: 'Como você imagina que eles assinarão o tratado: com uma arma apontada para a têmpora? As tropas devem ser retiradas de Kiev". Eu disse: "OK. Nós retiramos as tropas de Kiev". Assim que retiramos as tropas de Kiev, nossos negociadores ucranianos imediatamente jogaram fora todos os nossos acordos firmados em Istambul e se prepararam para um longo confronto armado com a ajuda dos Estados Unidos e de seus satélites na Europa", contou ele.