Maioria dos russos se opõe a "imposto sobre a ausência de filhos", revela pesquisa
Quase 70% dos russos são contrários à proposta de reviver um imposto da era soviética que taxaria pessoas sem filhos, conforme revelou uma pesquisa do Centro de Pesquisa de Opinião Pública da Rússia (VCIOM).
A pesquisa, realizada com 1.600 cidadãos russos adultos de forma aleatória, foi divulgada na terça-feira.
A geração dos "zoomers" é a mais contrária à ideia de criar um imposto sobre a ausência de filhos, com 89% dessa faixa etária mostrando rejeição à medida.
No entanto, o VCIOM ressaltou que isso não reflete uma falta de compromisso com os valores familiares ou um desejo de evitar filhos.
A pesquisa indica, na verdade, que os jovens reagem negativamente a tentativas de interferência em suas decisões pessoais, acrescentaram os responsáveis pelo levantamento.
Além disso, a proposta gerou grande rejeição entre os moradores de grandes cidades, com 77% dos residentes de Moscou e São Petersburgo se manifestando contra a ideia.
O eventual imposto também foi mal recebido pelos grupos mais vulneráveis, que consideram a medida um fardo financeiro significativo.
- O termo "zoomer" se refere às pessoas nascidas entre a metade da década de 1990 e o início da década de 2010.
A pesquisa ainda apontou uma relação direta entre a renda e uma visão mais favorável sobre o imposto, com pessoas de maior poder aquisitivo acreditando que a iniciativa poderia ter efeitos positivos.
Histórico do imposto
O imposto sobre a ausência de filhos foi implementado na União Soviética entre 1941 e 1992, com o objetivo de incentivar o crescimento populacional após as grandes perdas humanas da Segunda Guerra Mundial.
A cobrança era direcionada a homens de 20 a 50 anos e mulheres de 20 a 45 anos, com uma taxa variando em torno de 6%, dependendo da renda de cada pessoa.
A ideia de reativar o imposto foi apresentada em outubro pelo deputado Andrey Gurulev, membro do Comitê de Defesa da Duma Estatal, que propôs que os recursos arrecadados poderiam ser utilizados para modernizar os orfanatos do país.