Europa fica "desgovernada" com colapso do governo alemão - WSJ

Com a Alemanha em grave crise política, Europa enfrenta dificuldades políticas e econômicas, agravadas pelo retorno de Trump e os avanços russos na Ucrânia.

Os países europeus ficaram "sem leme" e enfrentam "meses de paralisia política" após o governo da Alemanha, principal potência econômica da União Europeia, ter entrado em colapso, tornando-se minoria no parlamento e forçando o país a se concentrar em problemas internos, pouco antes do retorno do republicano Donald Trump à Casa Branca, relatou na quinta-feira o Wall Street Journal.

A França, segunda maior economia da UE, também é atualmente comandada por um governo com minoria no parlamento, o que coloca Paris e Berlim em uma situação de "meses de introspecção impotente", à medida que a Europa continua a acumular problemas não resolvidos, que vão desde uma "segunda administração de um Trump hostil" até "os avanços constantes da Rússia na Ucrânia".

Durante sua campanha eleitoral, Trump prometeu impor tarifas de até 20% sobre todos os parceiros comerciais, incluindo a UE, e 60% sobre a China, o que poderia custar até 33 bilhões de euros à economia alemã, já que as exportações da Alemanha para os EUA e para o gigante asiático poderiam ser reduzidas em 15% e 10%, respectivamente, informou o veículo, citando estimativas do instituto IFO, um think tank econômico com sede em Munique.

Governo alemão em colapso 

Após meses de tensões internas e desentendimentos sobre a dívida, o orçamento e a direção econômica a seguir, o governo da aliança tripartite "semáforo" - em referência às cores partidárias dos liberais, dos social-democratas e dos verdes - que governa a Alemanha desde 2021 entrou em colapso.

O chanceler Olaf Scholz demitiu seu ministro das Finanças, Christian Lindner, e pouco depois o Partido Democrático Livre, presidido por Lindner, retirou todos os seus ministros do governo federal.

Scholz marcou o voto de confiança no Bundestag, o Parlamento Federal, para o próximo dia 15 de janeiro, para que os deputados alemães possam decidir se querem abrir caminho para eleições antecipadas. Se votarem a favor, as eleições poderão ser realizadas o mais tardar no final de março. Caso contrário, teremos de esperar até as eleições gerais marcadas para 25 de setembro de 2025.

Reação da Rússia 

Ao ser questionado por um repórter da RT, o porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, atribuiu o colapso do governo alemão a "decisões políticas ruins".

Peskov argumentou que a recusa da Alemanha em comprar petróleo e gás russos prejudicou sua economia, tornando o país pouco competitivo, devido ao menor acesso a energia.