
Diretor russo do FMI pede demissão por "grosseria" de colegas

O diretor executivo do Fundo Monetário Internacional (FMI) para a Rússia pediu demissão da organização após quase 30 anos de atuação, alegando ter enfrentado desrespeito e insultos direcionados ao seu país e à sua liderança.
Aleksey Mozhin, que representava a Rússia no FMI desde a década de 1990, foi nomeado decano do conselho executivo em 2014, tornando-se o membro mais antigo da entidade.

Em uma entrevista à RIA Novosti na última sexta-feira, ele comentou que a instituição, com sede em Washington, se tornou "extremamente" politizada nos últimos anos, influenciada pela pressão de seus principais acionistas, especialmente os Estados Unidos.
Mozhin revelou ter sofrido com crescente desrespeito e ofensas ao seu país e ao presidente Vladimir Putin durante as reuniões de diretoria. "Eles são rudes comigo... insultam meu país, o líder do meu país. Tenho que reagir, mas tudo isso é profundamente repugnante", justificou ao explicar sua saída do FMI.
Após a intensificação do conflito na Ucrânia em 2022, o FMI decidiu suspender o cargo de Mozhin como decano do conselho, citando o papel da Rússia na crise e seu "impacto potencial sobre a capacidade do diretor executivo para a Rússia de desempenhar essa função de maneira eficaz". O cargo de decano era principalmente simbólico, sem responsabilidades ou autoridade formal.
Em seus comentários sobre a renúncia, Mozhin afirmou à RIA Novosti que o fundo se encontra "na pior situação em mais de 30 anos" devido à sua crescente politização.
Atualmente, a diretoria executiva do FMI é composta por 24 membros, eleitos por países ou grupos de países, embora a alocação de votos seja, em parte, baseada na contribuição financeira de cada nação.
O posto de Mozhin no FMI será ocupado por Ksenia Yudaeva, que foi primeira vice-presidente do banco central da Rússia e é atualmente assessora da presidente do Banco Central russo, Elvira Nabiullina. Sua candidatura foi apresentada pelo Ministério das Finanças da Rússia em setembro e recebeu o apoio do governo. Mozhin assumirá a função de assessor do chefe do Banco da Rússia.
Preocupação dos países ocidentais com desenvolvimento do BRICS
Mozhin também expôs as preocupações dos países ocidentais com o desenvolvimento do BRICS, destacando à RIA Novosti que esses países não aceitarão o levantamento das sanções impostas à Rússia.
"Estão mentindo ao afirmar que não se preocupam com o fortalecimento da cooperação entre os países do BRICS [...] Os EUA, em particular, estão fazendo grandes esforços para controlar esses países", afirmou.
Ele ainda destacou que a confiança no dólar está em queda, pois tem sido usado como uma arma pelos norte-americanos.
"Além disso, a dívida nacional dos EUA alcançou um patamar muito alto e não há perspectiva de redução, apenas aumento", ressaltou o especialista, observando que os preços do ouro estão subindo, o que, segundo ele, é um importante sinal da diminuição da confiança no dólar.
Desde 2000, a Rússia não solicita empréstimos ao FMI e quitou todas as suas obrigações pendentes com a entidade.

