A Rússia e a Ucrânia devem fazer um referendo nos territórios disputados por ambos os países para que a população expresse sua vontade e decida se quer ser "russa ou ucraniana", afirmou o presidente do Brasil Luiz Inácio Lula da Silva, na sexta-feira, em uma entrevista exclusiva à emissara da TV francesa TF1.
"A Rússia diz que o território que estão ocupando é russo. A Ucrânia diz que é deles. Por que em vez de guerra não se faz um referendo para saber com quem o povo quer ficar?", sugeriu o mandatário brasileiro, acrescentando que isso "seria muito mais simples".
Lula também reiterou seu empenho em promover conversações entre países em conflito se eles expressarem vontade de dialogar. "O Brasil está dizendo em alto e bom som que não quer participar de conflito, que na hora que houver vontade das pessoas conversarem, nos sentaremos à mesa com todas as pessoas para ver se a gente encontra uma solução pacífica", afirmou ele.
Nos finais de setembo, à margem da Assembleia Geral das Nações Unidas, o Brasil, junto com a China, convocaram pela primeira vez o grupo Amigos da Paz, visando promover sua iniciativa conjunta para a resolução do conflito ucraniano.
Papel da ONU
Embora Brasil sedie, em 18 e 19 de novembro, a cúpula do G20, o presidente brasileiro destacou que o formato desse grupo não era apropriado para discutir assuntos da resolução pacífica dos conflitos. Segundo ele, o papel mediador deve ser assumido pela ONU.
"Nós não achamos que esse fórum do G20 será um espaço para discutir a guerra entre os dois países. Nós achamos que esse fórum é para discutir os temas que já foram abordados no último G20", declarou Lula, sublinhando a necessidade de criar "uma estrutura de poder dentro da ONU" para tratar do assunto.