ONU adverte que Julian Assange pode ser torturado se extraditado para os EUA
Alice Edwards, relatora especial das Nações Unidas sobre tortura, solicitou esta semana que as autoridades britânicas bloqueiem a possível extradição do jornalista Julian Assange para os EUA devido ao "risco de tratamento equivalente a tortura ou outras formas de maus-tratos ou punição".
No entendimento de Alice, o Reino Unido estaria potencialmente descumprindo com a lei internacional ao extraditar Assange, uma vez que não estaria cumprindo com suas obrigações relativas aos direitos humanos.
A autoridade destaca ainda que o jornalista estaria sujeito a "penas desproporcionais" nos EUA. Assange, acusado de espionagem, poderia pegar até 175 anos de prisão no país.
É mencionado também o potencial risco de suicídio e a eventualidade de outras adversidades relativas à saúde mental, evocando o histórico depressivo de Assange.
Justificando sua decisão, a relatora acrescenta:
"As garantias diplomáticas de tratamento humano fornecidas pelo governo dos EUA não são suficientes para proteger o Sr. Assange contra esse risco. Elas não são juridicamente vinculantes, são de alcance limitado, e a pessoa que as garantias visam proteger pode não ter recurso algum se forem violadas."
Assange, hoje com 52 anos, ganhou destaque internacional em 2010, quando publicou uma série de vazamentos de Chelsea Manning, agente de inteligência do Exército dos EUA, no que foi considerado a maior divulgação de documentos confidenciais da história.
O jornalista é considerado pelos seus apoiadores como um herói disruptivo, que está sendo perseguido por expôr irregularidades estruturais nos EUA. Para muitos, sua acusação é vista como um ataque ao jornalismo e à própria liberdade de expressão.