Ronnie Lessa e Élcio Queiroz são condenados pelo assassinato de Marielle Franco
Os ex-policiais Ronnie Lessa e Élcio Queiroz foram condenados na quinta-feira pelo assassinato da vereadora Marielle Franco e de seu motorista, Anderson Gomes. O crime ocorreu em março de 2018, no Rio de Janeiro, e a decisão foi proferida por um júri popular no 4º Tribunal do Júri da capital fluminense.
Ronnie Lessa recebeu uma pena de 78 anos de reclusão, enquanto Élcio Queiroz foi condenado a 59 anos. Ambos permanecem em prisão preventiva. O julgamento começou na quarta-feira, e durou 13 horas, com depoimentos dos réus, advogados de defesa e promotores. A mãe de Marielle Franco esteve presente e depôs após a ex-assessora Fernanda Chaves, a única sobrevivente do ataque.
Durante a leitura da sentença, a juíza Lucia Glioche destacou a longa espera por justiça. "A justiça pode ser lenta e, às vezes, cega e injusta, mas ela chega, mesmo para aqueles que acreditam que nunca serão punidos", afirmou.
As penas incluem também a obrigação de ambos pagarem pensões a Arthur, filho de Anderson Gomes, até que ele complete 45 anos, além de indenizações que totalizam R$706 mil aos familiares de Marielle Franco. Contudo, as penas podem ser reduzidas devido a acordos de delação premiada, com Lessa podendo cumprir no máximo 12 anos e Queiroz até 18 anos em regime fechado, além de dois anos em regime semiaberto.
Lessa e Queiroz confessaram à Polícia Federal a execução do crime, com Lessa assumindo a autoria dos disparos e Queiroz dirigindo o veículo. Ambos estão presos desde 2019. Lessa também implicou os irmãos Chiquinho e Domingos Brazão como mandantes do assassinato, supostamente motivado por conflitos fundiários.
O caso chegou ao Supremo Tribunal Federal (STF) em junho de 2024, onde a 1ª Turma aceitou a denúncia da Procuradoria Geral da República contra os réus e outros envolvidos, incluindo um delegado da Polícia Civil. Os irmãos Brazão negaram conhecer Lessa durante depoimentos.
O crime aconteceu na noite de 14 de março de 2018, quando Marielle, Anderson e Fernanda voltavam de um evento no Centro do Rio. O veículo em que estavam foi cercado por Lessa e Queiroz, que dispararam diversos tiros, resultando na morte imediata das vítimas. Seis anos após o crime, Marielle Franco continua sendo lembrada por ativistas que buscam justiça e esclarecimento sobre os mandantes do assassinato.