Cerca de 130 mulheres no Sudão optaram pelo suicídio em vez de serem estupradas por grupos de militantes armados, enquanto o país enfrenta uma guerra civil marcada por uma onda de crimes sexuais.
Relatos de casos como esses se multiplicaram desde a semana passada, após a divulgação de uma postagem no X informando que o episódio ocorreu no dia 25 de outubro.
A diretora regional da Iniciativa Estratégica para Mulheres no Chifre da África, Hala Al-Karib, confirmou a veracidade.
Em entrevista à News Central TV, divulgada na quarta-feira, Al-Karib afirmou que “desde o primeiro dia da guerra, as mulheres têm sido vítimas de estupro”. “A milícia [Forças de Apoio Rápido] tem invadido casas em Cartum, a capital, cometendo crimes de estupro e violência sexual de forma reiterada”, relatou.
Hala destacou que esses crimes não surgem “em um vácuo”, pois casos de violência sexual são documentados no Sudão há mais de 20 anos. Contudo, o número de ocorrências aumentou durante a atual guerra civil.
“Os nossos corpos [das mulheres] estão sendo usados como instrumento e arma de guerra. E é verdade: as mulheres do Sudão central estão recorrendo ao suicídio por não conseguirem suportar a dor do estupro coletivo e das torturas às quais estão sendo submetidas pela milícia armada”, declarou ela.
"A escala da violência sexual é impressionante"
O Escritório do Alto Comissariado da ONU para Direitos Humanos publicou na terça-feira um relatório denunciando a extensão da violência sexual no contexto da guerra civil sudanesa.
O documento revela que esses atos de violência foram cometidos pelas Forças de Apoio Rápido do Sudão e seus aliados armados nas áreas sob seu domínio, em confrontos com as Forças Armadas Sudanesas. A maioria das vítimas são mulheres e meninas entre 17 e 35 anos.
“A escala da violência sexual que documentamos no Sudão é impressionante”, afirmou Mohamed Chande Othman, presidente da Missão Internacional Independente de Apuração de Fatos para o Sudão, responsável pela análise.