ONU condena mais uma vez o bloqueio dos EUA a Cuba e pede seu fim

Nessa ocasião, o projeto apresentado por Havana recebeu 187 votos a favor, uma abstenção e os habituais dois votos contra dos EUA e de Israel.

Nesta quarta-feira, a Assembleia Geral da Organização das Nações Unidas (ONU) condenou, pela trigésima segunda vez, o embargo que os Estados Unidos mantêm contra Cuba há mais de seis décadas.

A resolução apresentada por Havana, intitulada "Necessidade de pôr fim ao embargo econômico, comercial e financeiro imposto pelos Estados Unidos da América contra Cuba", recebeu 187 votos a favor, uma abstenção (Moldávia) e os habituais dois votos contra dos EUA e de Israel.

O debate para analisar o impacto do embargo contra a ilha começou na terça-feira e continuou na quarta-feira, antes de a resolução ser colocada em votação.

As delegações votaram após um discurso no fórum do ministro das Relações Exteriores de Cuba, Bruno Rodriguez, que disse que o embargo contra seu país "qualifica-se como um crime de genocídio" e é "uma violação flagrante, maciça e sistemática dos direitos humanos" do povo cubano.

"Violação"

Durante a discussão, dezenas de países e organizações de integração internacional, como a Comunidade de Estados Latino-Americanos e Caribenhos (CELAC), a Comunidade do Caribe (CARICOM), a Associação das Nações do Sudeste Asiático (ASEAN), o Movimento dos Países Não Alinhados (MNAOL), a Organização de Cooperação Islâmica (OCI), o Grupo dos 77 e a China, bem como o Grupo Africano, se pronunciaram contra esta medida de Washington.

Durante seu discurso, o representante permanente da Rússia nas Nações Unidas, Vasili Nebenzia, condenou o bloqueio e disse que "essas ações de Washington são uma violação direta das normas do direito internacional e da Carta da ONU".

Por sua vez, o ministro das Relações Exteriores do Brasil, Mauro Vieira, pediu aos EUA que "retirem as sanções, retirem Cuba da lista de países patrocinadores do terrorismo e promovam um diálogo construtivo baseado no respeito mútuo e na não interferência".

Para o representante permanente da Venezuela na ONU, Samuel Moncada, o bloqueio é uma política anacrônica."É hora de corrigir essa injustiça histórica e pôr fim a um delírio imperial que impõe suas leis nacionais a toda a comunidade internacional", disse ele.

Impacto

De acordo com o último relatório apresentado por Cuba em setembro passado, o bloqueio representou perdas para a ilha de US$ 5.056,8 milhões entre março de 2023 e fevereiro de 2024.

"Isso representa uma perda aproximada de mais de US$ 421 milhões por mês, mais de US$ 13,8 milhões por dia e mais de US$ 575.683 em danos para cada hora de bloqueio", diz uma nota do Ministério das Relações Exteriores de Cuba.

A entidade detalha que, a preços atuais, os danos acumulados durante mais de seis décadas de aplicação dessa política chegam a 164.141,1 milhões de dólares.

"Se levarmos em conta o comportamento do dólar em relação ao valor do ouro no mercado internacional, o bloqueio causou danos quantificáveis de mais de um trilhão 499.710 milhões de dólares", acrescenta a Chancelaria.