O ex-embaixador Celso Amorim, atual assessor especial da Presidência, afirmou na terça-feira que o processo eleitoral da Venezuela é um assunto interno. Em audiência na Comissão de Relações Exteriores da Câmara dos Deputados, ele declarou: "Estamos acompanhando de perto esse processo político, mas a solução precisa ser construída pelos próprios venezuelanos, por meio do diálogo, e não imposta de fora".
Amorim ressaltou a importância de um entendimento entre os países, afirmando que "esse entendimento difícil é necessário, porque temos uma fronteira de 2.000 km com a Venezuela". Ele também comentou que o presidente Luiz Inácio da Silva não conversou com Nicolás Maduro desde as eleições, pois "não recebeu sinais de abertura para um diálogo franco".
Sobre as sanções internacionais, Amorim disse: "As sanções e o isolamento internacional já se provaram ineficazes e penalizam injustamente a população".
O deputado Luiz Philippe de Orleans e Bragança (PL-SP) questionou se o governo venezuelano é considerado uma ditadura, expressando preocupação com "alinhamentos ideológicos" na diplomacia brasileira. Em resposta, Amorim se opôs à "classificação de países" como ditatoriais, mas reconheceu um "mal-estar nas relações" bilaterais.
Ele também comentou sobre a dívida da Venezuela com o Brasil, discordando do valor de U$ 5 bilhões mencionado por um deputado e afirmando que a dívida é de U$ 1,28 bilhão em parcelas atrasadas e U$ 400 milhões em juros.