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"Viraram as costas aos argentinos": Milei acusa os governadores de "destruir" a 'Lei Ônibus'

O presidente enfrentou os mandatários das províncias após o projeto da lei, aprovado em geral, voltar ao comitê para ser analisado do zero.
"Viraram as costas aos argentinos": Milei acusa os governadores de "destruir" a 'Lei Ônibus'Gettyimages.ru / Tomas Cuesta

Na terça-feira, o presidente da Argentina, Javier Milei, criticou os governadores das províncias, acusando eles de "virar as costas" aos argentinos e "destruir" seu projeto da 'Lei Ônibus', que sofreu um novo revés na Câmara dos Deputados.

O presidente fez sua declaração em um comunicado oficial, minutos após a Câmara Baixa enviar o projeto de volta ao comitê, onde será analisado do zero. Isso se deve ao fato de que muitos dos principais artigos que estavam sendo tratados em particular foram rejeitados pela instituição.

"O presidente Javier Milei assumiu o cargo em 10 de dezembro de 2023 com a responsabilidade de liberar as forças produtivas da Nação, combater a inflação e acabar com o déficit" e, portanto, "não permitirá que aqueles que durante anos se beneficiaram de um sistema corrupto e empobrecedor frustrem o futuro de todos os argentinos", diz o texto oficial.

O mandatário enfrentou diretamente os blocos da Unión Cívica Radical (UCR) e do Pro, que formam a aliança Juntos por el Cambio (JxC), setores com os quais o partido governante, La Libertad Avanza (LLA), estava negociando para obter os votos necessários para aprovar a lei.

"Decidiram virar as costas aos argentinos para proteger seus interesses e impedir que o Governo Nacional contasse com as ferramentas para resolver os problemas estruturais da Argentina", diz o documento.

"Chegaram a seus cargos e assentos levantando as bandeiras da mudança para trair hoje seus eleitores. Não continuaremos a discutir com aqueles que exigem manter seus privilégios, enquanto 63% das crianças argentinas não comem", segundo o documento.

A 'Lei Ônibus', proposta pelo presidente Javier Milei, tem como objetivo mudar completamente a forma  do funcionamento do país em termos políticos, econômicos e sociais. Porém, muitos de seus pontos principais são rejeitados pela oposição, inclusive aquela que o Governo considera "dialoguista".

Após o revés na Câmara dos Deputados, o presidente 'libertário' afirmou que "a lei será debatida quando entenderem que é o povo que precisa dela, não o Governo".

"A casta contra o povo"

Em sua conta pessoal na rede social X, o presidente criticou novamente "a casta", como costuma chamar a classe política e sindical tradicional do país.

"A casta ficou contra a mudança que os argentinos votamos nas urnas. Sabemos que não será fácil mudar um sistema em que os políticos enriqueceram às custas dos argentinos que se levantam todos os dias para trabalhar. Nosso programa de Governo foi votado por 56% dos argentinos e não estamos dispostos a negociá-lo com aqueles que destruíram o país", sublinhou.

Por último, afirmou que seu programa de Governo continuará "com ou sem o apoio da liderança política".

A "Lei de Bases e Pontos de Partida para a Liberdade dos Argentinos" foi aprovada em geral na sexta-feira com 144 votos a favor, 109 contra e zero abstenções, em meio a protestos nos arredores do Congresso em Buenos Aires, que terminaram com dezenas de manifestantes e jornalistas feridos com balas de borracha.

Originalmente, a chamada 'Lei Ônibus' consistia de 664 artigos, mas, diante da pressão social e política, foi drasticamente reduzida para 386.