Veto do Brasil não poderá deter a entrada da Venezuela no BRICS, diz Maduro

Presidente venezuelano afirmou que o Itamaraty "sempre conspirou contra a Venezuela" e "está muito vinculado com os EUA".

O presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, fez duras críticas ao Ministério das Relações Exteriores do Brasil na segunda-feira em seu programa de televisão "Con Maduro+", após o veto da Venezuela da lista de países convidados para os BRICS.

Durante o programa, Maduro afirmou que "o Itamaraty foi um poder dentro do poder durante anos" e que "sempre conspirou contra a Venezuela". Ele acusou o Itamaraty de estar "muito vinculado ao Departamento de Estado dos Estados Unidos" desde o golpe de Estado que depôs João Goulart em 1964, afirmando que "praticamente não há funcionários que não tenham um laço com o departamento de Estado".

Maduro também relatou uma conversa com o chanceler brasileiro, Mauro Vieira, que, segundo ele, negou que a Venezuela seria vetada: "O chanceler Mauro Vieira me disse na minha cara: presidente Maduro, o Brasil não veta a Venezuela, não tem problema".

O presidente venezuelano atribuiu a mudança na postura do Brasil ao secretário de Ásia e Pacífico do Itamaraty, Eduardo Saboia, e exclamou: "A Venezuela não é vetada nem calada por ninguém, vão se dar mal". Ele lembrou que a entrada da Venezuela no Mercosul foi uma "longa batalha”, destacando que o Itamaraty sempre teria conspirado para impedir essa adesão.

Maduro também enfatizou que "nós não dependemos do Brasil para nada, nem de ninguém neste mundo", ressaltando que seu país já enfrentou as sanções dos Estados Unidos, "o maior império do mundo". Ele concluiu que, se as sanções não puderam deter a Venezuela, o veto brasileiro também não terá sucesso.

Veto brasileiro 

A relação entre Brasil e Venezuela alcançou um novo nível de distanciamento durante a cúpula do BRICS em Kazan, na Rússia.

A delegação venezuelana, liderada por Nicolás Maduro, expressou interesse em incluir o país na lista de novos parceiros de diálogo do bloco.

Contudo, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e sua equipe mantiveram uma postura firme ao não defender a inclusão da Venezuela no grupo.

Por sua vez, o presidente russo, Vladimir Putin, cujo país preside o BRICS neste ano, afirmou em uma coletiva de imprensa na quinta-feira que a entrada de novos países só pode ser feita com o consentimento de todos os membros do bloco.