Crise no Oriente Médio coloca Ucrânia em segundo plano, diz Borrell

Para o experiente político espanhol, crise humanitária provocada por Israel em Gaza e o aumento das tensões no Oriente Médio ofuscaram o conflito ucraniano.

O chefe de política externa da União Europeia, Josep Borrell, afirmou que a atenção do Ocidente se voltou principalmente para a crise no Oriente Médio, em detrimento do conflito na Ucrânia.

Borrell, que está prestes a deixar o cargo, fez os comentários em uma entrevista à rádio espanhola RNE no último domingo.

Desde a escalada do conflito com a Rússia em fevereiro de 2022, Borrell tem sido um forte defensor da Ucrânia. Ao ser questionado sobre a possível influência da escalada em Gaza e Líbano no conflito ucraniano, ele destacou que o foco da União Europeia mudou.

"Não falamos mais tanto sobre a guerra na Ucrânia", disse, observando que a situação na região parece ter sido esquecida. Ele acrescentou que, apesar da aparente diminuição de atenção, o conflito continua com a mesma intensidade.

O diplomata também ressaltou que, embora a "destruição na Ucrânia" não alcance os níveis de barbaridade observados nos ataques israelenses em Gaza, a situação no território palestino é alarmante.

Segundo Borrell, a ONU qualificou a atual crise humanitária em Gaza como a mais aguda desde o fim da Segunda Guerra Mundial, e alertou que "350 mil pessoas podem morrer de fome nas próximas semanas".

"O que está acontecendo no Oriente Médio mostra que perdemos nosso senso de humanidade", declarou.

Borrell criticou Israel por ignorar repetidamente as resoluções do Conselho de Segurança da ONU que pedem o fim das hostilidades em Gaza e no Líbano. Ele advertiu que, enquanto os conflitos persistirem, "viveremos à beira de uma faísca que causará um incêndio ainda maior".