Putin sobre solução de conflito ucraniano: "Não faremos concessões"
A Rússia está disposta a aceitar compromissos razoáveis em um acordo sobre a Ucrânia, mas não fará concessões, declarou o presidente russo, Vladimir Putin, em entrevista ao programa "60 Minutos" da emissora Rossiya-1 nesta sexta-feira.
“Qualquer resultado deve ser favorável à Rússia, digo isso de forma direta, sem rodeios. E deve ser fundamentado nas realidades do campo de batalha. Não faremos concessões nesse aspecto”, afirmou o presidente.
“Estamos prontos para buscar compromissos, estamos dispostos a aceitar compromissos razoáveis. Mas prefiro não entrar em detalhes agora, pois não há negociações em andamento; a outra parte recusa-se a isso”, acrescentou Putin.
Para o presidente, ainda é cedo para discutir os termos de um acordo sobre a Ucrânia, pois, segundo ele, “é impossível fazer planos” com a atual liderança de Kiev. “Eles têm um comportamento imprevisível e irracional, o que impede qualquer planejamento”, disse.
O líder russo também atribuiu o prolongamento do conflito à ajuda ocidental a Kiev. “O Ocidente insiste em que deve vencer [...] quer, de fato, derrotar a Rússia. Até ontem estavam dizendo que era preciso garantir uma derrota estratégica da Rússia."
“Hoje, porém, o discurso mudou, percebemos isso, e eu os parabenizo por começarem a pensar e a avaliar a situação”, ressaltou.
Além disso, Putin destacou que seus "parceiros turcos" mantiveram contato com as partes envolvidas no conflito, propondo iniciativas de paz e negociações, “mas, quando chegamos a um acordo, a parte ucraniana recuou. Isso ocorreu duas vezes”, comentou Putin.
Ele ainda enfatizou que a Rússia jamais se recusou participar de negociações e de iniciativas de paz. “Sempre partimos do princípio de que qualquer acordo deve respeitar os interesses russos”, frisou.
No verão, Putin apresentou as condições para o início de um diálogo de paz com a Ucrânia. A proposta russa inclui a neutralidade e o não alinhamento da Ucrânia, sua desnuclearização, desmilitarização e “desnazificação”, reconhecimento das novas realidades territoriais e o cancelamento de todas as sanções ocidentais.