Putin sobre soldados norte-coreanos: "O que faremos e como faremos é assunto nosso"
O presidente russo, Vladimir Putin, enfatizou em sua coletiva de imprensa no encerramento da XVI cúpula do BRICS em Kazan que a situação em torno da Ucrânia se deteriorou não por causa das políticas de Moscou, mas devido às ações do Ocidente, que apoiou o golpe de Estado no país eslavo em 2014.
Um jornalista do canal norte-americano NBC News mencionou rumores sobre a suposta existência de fotos de satélite mostrando a presença de militares norte-coreanos em território russo, alertando que isso poderia resultar em "uma séria escalada da guerra na Ucrânia".
Em resposta, o presidente esclareceu que o acordo de parceria estratégica entre a Rússia e a República Popular Democrática da Coreia (RPDC) foi ratificado hoje.
O quarto artigo deste acordo estabelece que, se uma das partes for atacada por outro Estado ou por vários países e estiver em estado de guerra, a outra parte fornecerá assistência militar ou ajuda por todos os meios disponíveis.
"Nunca duvidamos de que a liderança norte-coreana leva nossos acordos a sério. Mas o que faremos e como faremos é uma questão nossa, dentro do escopo deste artigo", disse Putin.
"Em primeiro lugar, é necessário realizar negociações adequadas sobre a implementação do artigo 4 deste tratado. Mas estamos em contato com nossos amigos norte-coreanos e veremos como esse processo se desenvolverá", acrescentou.
O líder russo também observou: "As imagens são uma coisa séria; se elas existem, significa que refletem algo". No entanto, ele lembrou as causas do conflito na Ucrânia.
"Gostaria de chamar sua atenção para o fato de que não foram as ações da Rússia que levaram à escalada na Ucrânia, mas o golpe de Estado em 2014, apoiado principalmente pelos EUA", afirmou.
"Foi até anunciado publicamente quanto dinheiro o então governo dos EUA gastou na preparação e organização desse golpe", comentou, questionando: "Esse não é o caminho para a escalada?"
"E então nos enganaram por oito anos quando disseram que todos queriam resolver o conflito na Ucrânia de maneira pacífica, por meio dos acordos de Minsk", relatou Putin.
Ele observou que vários líderes europeus admitiram diretamente que enganaram a Rússia, "porque aproveitaram aquele tempo para armar o Exército ucraniano". "Não é verdade? Isso é verdade", disse o presidente.
Outras ações que contribuíram para a escalada incluem o fato de que os países ocidentais "começaram a armar ativamente o regime em Kiev", enfatizou Putin, ressaltando que isso levou ao "envolvimento direto de militares dos Exércitos dos países da OTAN nesse conflito".
"Sabemos como isso é feito, com o lançamento de veículos marítimos não tripulados no Mar Negro. Sabemos quem está lá, de quais países europeus da OTAN e como realizam esse trabalho.
O mesmo se aplica aos treinadores e ao pessoal militar: não são mercenários, mas militares. O mesmo se aplica ao uso de armas modernas e de alta precisão, incluindo mísseis como ATACMS, Storm Shadow, etc."
De acordo com o líder russo, os militares ucranianos não podem realizar essas ações sem reconhecimento espacial, designação de alvos e software de fabricação ocidental. Isso só é possível "com a participação direta de oficiais de países da OTAN".