"Acreditamos que um novo mundo já nasceu", afirma Maduro em plenária do BRICS+/Outreach
O presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, enfatizou a necessidade de "refundar o sistema das Nações Unidas" durante seu discurso nas sessões plenárias no formato BRICS+/Outreach nesta quinta-feira.
"Toda vez que um míssil de alta precisão cai em um prédio de apartamentos em Gaza e mata homens, mulheres e crianças; toda vez que um míssil cai em Beirute ou no sul do Líbano; esses mísseis incendeiam e destroem o sistema da ONU", afirmou.
E questionou: "Onde está o Tribunal Internacional de Justiça? Ou foi criado apenas para perseguir os países do Sul? Onde está o sistema de Justiça das Nações Unidas? Será que [serve] apenas para emitir documentos e comunicados? E as vidas dos meninos e meninas da Palestina não valem?"
Maduro pediu para que "elevemos fortemente as nossas vozes" e procuremos "um plano prático e ousado" para uma refundação do sistema da ONU que "agoniza com o surgimento de correntes nazis e fascistas ao longo desta conjuntura histórica muito dolorosa".
"Um novo mundo é possível. Acreditamos que um novo mundo já nasceu", sublinhou.
Um novo sistema de pagamentos
Maduro garantiu que é necessária "uma nova agenda econômica com soluções práticas". "Não se trata apenas de fazer pequenas reformas no sistema monetário [...] devemos avançar em um novo sistema de pagamentos que substitua os sistemas de pagamento, que às vezes se tornam armas de ataque", afirmou.
Ele ressaltou que "a Venezuela foi retirada de todos os sistemas globais de pagamentos como parte dos ataques e punições econômicas".
"É necessária uma cesta de moedas que combine as moedas fortes das superpotências com o direito de cada um dos nossos países de ter a sua própria moeda", enfatizou.
Maduro defendeu uma "nova economia que inclua países independentes que aspiram à felicidade social e à dignidade".
"Uma mudança de época"
Maduro lembrou que o BRICS surgiu durante uma "mudança de época".
"Há uma mudança na época histórica. Uma nova época emergiu e surgiram novas superpotências, novas potências e países que modestamente como a Venezuela, ou regiões como a América Latina e o Caribe. Aqui está nossa irmã Cuba, nossa irmã Bolívia, nossa irmã Nicarágua, [...] aspiramos que o nosso direito à independência, ao futuro e ao desenvolvimento seja respeitado", disse.
"O BRICS coloca novos paradigmas na agenda mundial", acrescentou Maduro.
O presidente chegou à Rússia na terça-feira para participar do evento. Em suas primeiras declarações após ser recebido com altas honras, disse que era a primeira vez que um presidente venezuelano participa de uma cúpula de chefes de Estado do BRICS. "É histórico", afirmou.
Em sua reunião bilateral com o presidente russo Vladimir Putin, Maduro elogiou "a grande batalha que a Rússia está travando" atualmente "contra o nazismo" e disse estar "muito orgulhoso" de sua amizade com Moscou.
Após a reunião, em entrevista exclusiva à RT, o líder venezuelano descreveu seu encontro com Putin como "bem-sucedido" e "extraordinário", e elogiou o surgimento de um grupo de países emergentes como o BRICS, que, em sua opinião, "se tornou o epicentro do novo mundo".