Não haverá paz sem Estado palestino independente, diz Mauro Vieira

"Foram os países do Sul Global que votaram a favor da resolução da Assembleia Geral da ONU que pede a cessação das hostilidades na Palestina", afirmou o chanceler brasileiro.

O ministro das Relações Exteriores do Brasil, Mauro Vieira, defendeu nesta quinta-feira, durante uma sessão plenária da XVI Cúpula do BRICS, o reconhecimento do Estado palestino independente, enfatizando que não haverá paz sem essa medida.

"Atos terroristas como os perpetrados pelo Hamas são indefensáveis. Mas a resposta desproporcional de Israel se tornou uma punição coletiva para o povo palestino", declarou.

O chanceler acrescentou que a existência do Estado palestino foi decidida pelas Nações Unidas 75 anos atrás, mas a mesma ONU que criou o Estado de Israel atualmente se encontra "de mãos atadas".

O número de explosivos lançados em Gaza já foi maior do que em Dresden, Hamburgo e Londres durante a Segunda Guerra Mundial, observou. À medida que a violência se alastra para o Líbano, será necessária "máxima cautela para que esse conflito não se transforme em uma guerra total".

Sul Global em busca de resolução do conflito

No seu discurso, Vieira também salientou o papel do Sul Global na resolução do conflito Israel-Palestina. "Foram os países do Sul Global que votaram a favor da resolução da Assembleia Geral da ONU que pede a cessação das hostilidades", disse, acrescentando que o papel desempenhado por outras nações, ao contrário, tem sido "decepcionante, para não dizer conivente".

O Egito, observou, desempenha um papel importante para garantir a entrega de ajuda humanitária aos necessitados em Gaza, enquanto a África do Sul recorreu "com coragem" à Corte Internacional de Justiça para pôr fim ao "genocídio" perpetrado contra o povo palestino.

Por sua vez, o Brasil foi o primeiro país a propor uma resolução sobre a atual situação, que foi rejeitada pelo veto de um único país.

"Os que se arrogam defensores dos direitos humanos fecham os olhos diante da maior atrocidade da história recente", concluiu o ministro, observando que, assim, eles "deixam desmoronar" a autoridade do Conselho de Segurança e a integridade do Direito Internacional Humanitário.