OTAN reage ao interesse da Turquia em ingressar no BRICS
A Turquia tem o direito de cooperar com o grupo BRICS sem prejudicar seu status de membro da OTAN, disse o secretário-geral do bloco militar liderado pelos EUA, Mark Rutte.
Rutte fez as observações na terça-feira, durante uma coletiva de imprensa na Estônia. Ele foi perguntado por um jornalista da Televisão pública do país se o desejo de Ancara de se tornar membro do BRICS (descrito pelo veículo como uma "organização dominada pela Rússia") deveria ser motivo de preocupação.
A Turquia continua sendo "um aliado muito importante na aliança", pois é "uma das forças militares mais bem equipadas da OTAN", respondeu Rutte. O país desempenha um "papel vital em sua parte da geografia da OTAN", acrescentou.
"Obviamente, dentro da aliança, sendo uma democracia, com 32 países, sempre haverá debates sobre isso e aquilo", admitiu o secretário-geral. No entanto, ele insistiu que Ancara tem "o direito soberano" de trabalhar para se tornar membro do BRICS e cooperar com seus membros.
Erdogan em Kazan
O presidente turco Recep Tayyip Erdogan está atualmente participando da 16ª Cúpula do BRICS na cidade russa de Kazan, onde deve se reunir com o presidente Vladimir Putin para discutir os laços bilaterais, a crise da Ucrânia e a situação no Oriente Médio.
No mês passado, Ancara anunciou ter apresentado formalmente um pedido para se tornar um membro de pleno direito do BRICS, tornando-se o primeiro Estado da OTAN a buscar a adesão ao grupo.
No entanto, a candidatura da Turquia gerou preocupações em Bruxelas. O porta-voz da UE, Peter Stano, enfatizou que Ancara, que é um país candidato à UE desde 1999, deve respeitar os valores e as preferências de política externa da UE, apesar de ter o direito de escolher a quais organizações internacionais deseja aderir.
Anteriormente, as autoridades turcas disseram ao Middle East Eye que, embora o BRICS não fosse visto por Ancara como uma alternativa à OTAN ou à UE, "o processo de adesão à União Europeia estava paralisado", incentivando o país a explorar "outras plataformas econômicas'.